OS CAMPINHOS DE FUTEBOL E O BIFE COBERTO COM OURO
"Os Campinhos de Futebol e o Bife Coberto com Ouro"
(Vento Lusitano)
Com a Copa São Paulo de Futebol Júnior 2023, a denominada “Copinha”, minha memória acabou viajando no tempo, foi parar no “Campinho do Lalau”, dos bons tempos de piá. O nome “Lalau” era em razão de um senhor que morava muito próximo ao campinho, a piazada o conhecia como “caçador de cobra do Instituto Butantã”, esse era seu trabalho. Era ali no “Campinho do Lalau” que a piazada passava uma boa parte do dia. As “regras” do futebol eram rigorosas e seguidas a risca: (1) Os dois melhores não podem estar no mesmo lado. Logo, eles tiram par-impar e escolhem os times; (2) Ser escolhido por último é uma grande humilhação; (3) Um time joga sem camisa; (4) O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de Catar; (5) Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um cata até sofrer um gol; (6) Quando tem um pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom só pra tentar pegar a cobrança; (7) Os piores de cada lado ficam na zaga; (8) O dono da bola joga no mesmo time do melhor jogador; (9) Não tem juiz; (10) As faltas são marcadas no grito: se vc foi atingido, grite como se tivesse quebrado uma perna e conseguirás a falta; (11) Se você está no lance e a bola sai pela lateral, grite "nossa" e pegue a bola o mais rápido possível para fazer a cobrança (essa regra também se aplica a "escanteio"; (12) Lesões como destroncar o dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras são normais; (13) Quem chuta a bola pra longe tem que buscar; (14) Lances polêmicos são resolvidos no grito ou, se for o caso, no tapa; (15) A partida acaba quando todos estão cansados, quando anoitece, ou quando a mãe do dono da bola manda ele ir pra casa; (16) Mesmo que esteja 10 x 0, a partida acaba com "quem faz, ganha". Essas eram as regras. Mais não podemos esquecer que tinha um período do ano que o “campinho” tinha muito capim-roseta que espinhava os pés de quem jogava descalço, a maioria.
A verdade é que os “campinhos” deixaram muitas lembranças. Com toda a certeza, se ainda existissem os denominados “campinhos” nossa seleção teria trazido do Catar mais um troféu e, ainda, certamente não teria comido bife coberto com ouro.