Golpistas amadores  

 

Dois velhos amigos reencontram-se para jogar conversa fora:

 

- Alguns dos meus contatos ficaram esperando pelos tanques, e nada aconteceu.

- Também vi isso. É nós é que somos os velhos gagás. Esse povo perdeu a noção.

- Esse golpe de 8 de janeiro separou os simpatizantes dos fanáticos. Você viu isso?

- Como é que querem fazer um golpe com tanto amador? Destroem tudo, de cara para a câmera.

- Sou a favor de protestos e de greves, mas não de quebra-quebra, nem de bloqueios.

- Um prejuízo imenso para a Nação, com a destruição das obras de arte do acervo nacional.

- E para quê? Isso não é protesto; é pura vingança destrutiva. É ódio dirigido ao alvo errado.

- Você leu que o governo teria feito vista grossa para ajudar a incriminar os bolsonaristas?

- Sim. O Zema disse isso abertamente. Lulista fanático é bolsonarista fanático, com outro rótulo.

- Também penso assim. E os grandões selarão a paz e os pequenos pagarão.

- Claro!  Nenhum mandante ou financiador de peso ficará preso. Até rimou...

- Só os bobocas que se deixaram usar para fazer o trabalho sujo. Esses pagarão amargamente.

- Escreva o que lhe digo: Bolsonaro voltará e, em seis meses, tudo estará pacificado.

- O problema é que o país está dividido entre lulistas e bolsonaristas. E os extremistas perigosos.

- Mas a economia ainda patina; Haddad tem dificuldade para convencer como ministro.

- Não é da natureza dele. Ela até tenta, mas não tem força de ego. Não emplaca; não convence.

- Na nossa cultura, o viés da ideologia política fala mais alto, tanto na direita como na esquerda.

- O Brasil tem excelentes cérebros, que são punidos pelo mérito. Mais admiração; menos inveja!

- Você se lembra: Dilma só foi impichada porque a economia andava muito mal.

- O Clinton não foi impichado no caso com a Mônica Lewinsky porque a economia estava bem.

- A economia sempre mandou, desde antes dos tempos bíblicos. Agora, falta-nos admiração!

- Sentimos inveja de gente com valores certos e admiração dos que têm valores errados, não?

- O ídolo é o homem que renegou a filha até no eito de morte. Esse é festejado como herói.

- E sobre esse rombo de bilhões das Americanas, o que você me diz disso?

- Para mim, foi mais um golpe com a conivência da auditoria da PricewaterhouseCoopers.

- Lembrei-me de você. Você trabalhou lá, não? No final dos anos 80, não foi?

- Sim, fui consultor lá. Bom ambiente, com vida inteligente. Eles também auditam igrejas, sabia?

- Suspeito, não? Um amigo afirma que não existe auditoria independente. Quem paga, manda.

- Uma orquestra toca a música que os patrocinadores querem ouvir. Alguém já disse isso.

- Lembrei-me da máxima “não existe almoço de graça”: alguém sempre paga a conta.

- Quero ver como a justiça resolverá o caos gerado ao pequeno investidor que foi lesado.

- A justiça parece ter bem outras preocupações. Governar esse pais não é fácil...

- Impressionante, mas  a justiça continua ditando todas as regras. A autonomia acabou.

- Por outro lado, devemos ser gratos à justiça; pelo menos, algumas decisões são tomadas.

- Você viu a quantidade de servidores exonerados para exterminar o bolsonarismo raiz?

- Já vimos isso, quando foi a vez de exterminar o petismo, em 2019.

- E você viu a quantidade de revogações do tal sigilo de 100 anos?

- Como um país que almeja ser democrático decreta sigilo de 100 anos para tantas ninharias?

- Não sei por que, mas isso sempre me remete aos três segredos de Fátima.

- Falando nisso, vi um relatório sobre o número de pessoas na Alemanha que deixaram a igreja.

- Eu vi isso também; evasão recorde de pessoas que deixaram suas igrejas, em 2022.

- E isso significa o quê? Queda brutal nas arrecadações, porque lá o fiel paga imposto.

- Pois é. As igrejas preferem desaparecer a mudar seu discurso ultrapassado. Bem-feito!

René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 18/01/2023
Código do texto: T7698006
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