AZARENTA SEXTA-FEIRA 13
Nas obras do pensador francês Gilbert Durand, há o termo “caldeirão semântico” para definir a mistura de palavras, conceitos, crenças, usos e costumes dos diversas núcleos humanos quando, pelo entrelaçamento, originam nova cultura que, apesar de conter os mesmos elementos, não pode ser definida como uma das suas formadoras.
A cultura ocidental é prova cabal dessa assertiva.
Temos a influência das culturas dos povos que habitavam toda Europa, no entorno do Mar Mediterrâneo e do Oriente próximo que foram incorporadas pelo império romano do qual somos descentes.
As tradições Celtas, termo usado pelos romanos para designar todos e quaisquer povos que habitaram a Europa além dos Alpes, estão presentes principalmente nos países de línguas anglo-saxônicas.
Entre elas consta que nas sextas-feiras, a deusa Frigga (de cujo nome deriva Friday) mais onze bruxas se reuniam com o próprio satanás para lançar maldições aos pobres humanos. Eram 13 os participantes.
Os gatos, por terem comportamento independente e contemplativo, foram associados às bruxas, principalmente os pretos de olhos verdes.
Cristo foi crucificado e morreu na sexta-feira e, na última ceia, eram 13 os participantes, entre eles Judas Iscariotes, o traidor.
O islã definiu a sexta-feira como dia preferencial para as orações. Mais um motivo para os cristãos considerarem dia aziago.
Na sexta-feira 13 de outubro de 1307, o rei Felipe IV da França, assinou a ordem de perseguição aos Cavaleiros Templários em represália à negativa ao seu desejo de pertencer à ordem.
O escritor inglês George Chaucer, classificou a sexta-feira como o “dia da desgraça”.
Dos egípcios herdamos a crença de que passar por baixo de escada é ofensivo aos deuses, portanto dá azar.
Dos gregos herdamos a tradição de que, quebrar espelho, dá ao infeliz sete anos de azar por conta da fragmentação da imagem. O sete é porque, acredita-se que a cada sete anos se completa uma etapa da vida.
Em muitas ruas pela Europa, não há o número 13 nas casas nem 13º andar nos prédios, passando direto do 12º para o 14º.
A nossa irreverência está aos poucos modificando esse conceito.
Criou-se, nos grandes centros, o termo “sextou” para definir o encontro, a confraternização pelo fim de mais uma semana de trabalho, mesmo para aqueles que voltarão ao trampo na manhã do sábado.
Pensando bem, azar de verdade, com todas as letras maiúsculas, é termos o 13 ptralha na política definindo rumos deletérios para a nação brasileira, o que é bem pior.
GLOSSÁRIO
Trampo = trabalho, gíria paulista