Lente de Contato
É incrivelmente curioso como algo tão simples, pode fazer tanta diferença.
A visão é considerada por muitos como o mais importante de todos os sentidos e sequer é preciso fazer muito esforço para entender o porquê disso. É realmente difícil de imaginar um mundo em que não se possa enxergar.
Para além disso, não basta só tê-la, as vezes é preciso aprimorá-la. É preciso enxergar melhor, aperfeiçoar a visão.
Não julguemos! A vida, o trabalho e por que não dizer, até mesmo o lazer, exige aprimoramento.
Como algo tão simples, pode fazer tanta diferença?
Em caso de deformidade ou imperfeição, basta a utilização de um pequeno dispositivo que o problema estará definitivamente solucionado ou, na pior das hipóteses, mitigado.
Por meio de casos como esse é que surgem reflexões sobre o quão tecnológico é o mundo contemporâneo, sobre o tamanho da importância atrelada a evolução medicinal ao longo das décadas e sobre o forte potencial de ainda continuar evoluindo, à medida em que as necessidades do ser humano passam a exigir.
No entanto, ao mesmo tempo em que a tecnologia voa alto, é no mínimo preocupante refletir sobre como anda o progresso moral da humanidade ao longo das décadas, sobretudo no que diz respeito a luta contra as desigualdades sociais, contra os preconceitos de toda ordem e quanto a própria ignorância coletiva. PRINCIPALMENTE, contra a ignorância coletiva!
Como pode a tecnologia evoluir tão bem e o progresso moral da humanidade parecer que está num declínio desenfreado?
Como mudar a perspectiva sobre isso?
Talvez em nosso atual estágio evolutivo ainda não nos seja permitido conhecer de todas as respostas, ou mesmo uma "fórmula mágica" para frear esta espécie de "contramão".
Mas se algo tão simples no universo tecnológico pode fazer tanta diferença, porque não faria no universo moral?
É inimaginável que ainda existam pessoas no mundo passando fome e morando na rua, enquanto outras, mesmo com tanto patrimônio e dinheiro, em nada contribuem para tentar mudar esse cenário.
Mais do que isso, é inimaginável que em pleno século XXI as pessoas ainda não tenham aprendido a debater civilizadamente e, sobretudo, não tenham compreendido que as diferenças, tanto ideológicas, sociais ou econômicas, ao contrário do que se pensa, proporcionam a EVOLUÇÃO: uma ação ou um posicionamento diferente do seu não é uma ofensa, muito pelo contrário, é uma oportunidade de pensar, repensar e construir um entendimento em comum com o seu desigual.
Sempre haverá um consenso se ambas as partes estiverem com as portas abertas, dispostas a ouvir o outro lado da sua versão, com o objetivo de chegar a um resultado que beneficie a todos.
SEMPRE!
E não é sobre mudar as outras pessoas ainda que as diferenças proporcionem evolução, mas sobre olhar fraternalmente para o seu dessemelhante, buscando entender as necessidades e as razões pelas quais estão levando àquela pessoa a viver ou pensar de outra forma.
É preciso enxergar melhor, aperfeiçoar a visão que se tem sobre o outro, simples como usar uma lente de contato.
Não se muda o mundo sem olhar para as dessemelhanças e muito menos sem compreender a importância que elas exercem no processo evolutivo.
Como algo tão simples, pode fazer tanta diferença?