Brutos não conhecem a Arte. Não podem. Não têm a sensibilidade necessária para isso. A única sensibilidade que alcançam é a da rispidez, do ódio cada vez mais escancarado, mais devasso. Conseguem apodrecer a árvore mais robusta, conseguem fazer murchar a flor mais delicada - o que é óbvio aos abrutalhados.

Não conseguem ver a beleza do seu povo, nem artisticamente retratada, pois são programados a apreciar apenas o que lhes convém, e como brutos são, destroem a facadas o trabalho de Mestres, como Di Cavalcanti, que valorizava sua pátria e ressaltava cada traço dos personagens que a compõem.

Não conseguem ver na transparência de um vidro as figuras geométricas, localizadas de tal modo que pareciam estar em movimento tal o fluxo de um rio, - como na obra, por eles destruída, da Artista Marianne Perreti -, pois não são sensíveis às transparências das águas límpidas, só ao negrume do lodo.

Não conseguem valorizar a História da Nação, que dizem considerar “acima de tudo”, quando vandalizam a Arte que conta parte dessa História - desde o Brasil Colonial, passando pelo Modernismo até a contemporaneidade, ou as roubam como infames ladrões, enquanto gritam "Deus acima de todos", pois cismam em escrever uma nova, cheia do velho obscurantismo de anos de trevas passados.

Conseguem escurecer o bem, iluminar o inferno para além do fogo do mal que o habita, incandescendo suas chamas e intoxicando a pureza da luz, aproveitando-se covardemente de tempos tão fragilizados.

Não admitem perder, não consideram repartir ideias, não levam em conta a existência do outro - que dizer sobre o que este pensa, como pensa, o que escolhe para si. Para os brutos só vale o que aceitam, o que determinam como certo dentro da sua falta de sensibilidade, de empatia, de um olhar racional e global. E querem fazer valer, à força, o que definem para todos.

Brutos, definitivamente, não conhecem a Arte. Principalmente a de viver... e conviver.


 


 


 

Obra 01: "Araguaia", Marianne Perretti-1977 (antes do vandalismo)
Obra 02: "As Mulatas", de Di Cavalcanti-1962 (antes do vandalismo)


Imagens: Via Bing

 
Marise Castro
Enviado por Marise Castro em 10/01/2023
Código do texto: T7690870
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