NÓS PRECISÁVAMOS DE UM BOLICHO NOS CÂNIONS
Sempre precisamos de mais do que podemos, no entanto, quando há oportunidade, devemos fazer. Esquecer o trabalho, o cansaço cotidiano e principalmente, os problemas, os quais são muitos.
Foram quatro dias intensos, mais parecia um teste para o coração e pernas. Cada passo, subida, descida, pedra, cachoeira, mostrava o que fazemos com nosso corpo durante o ano.
O sedentarismo deu as caras ativamente, evidenciando a necessidade de rever conceitos. As costas, pelo contrário, pareciam estar em sintonia com o que eu via. Aquela tal liberdade também deixou minhas dores trancadas no apartamento.
A alergia nos acompanhou desde o pórtico, não sabemos qual foi o transmissor, mas a marca veio junto para a cidade.
O imenso e infindável verde escondia o todo, fazendo com que o cinza das cidades de concreto sumisse momentaneamente do cérebro. Foi, sim, uma ótima escolha. Os cânions de Cambará do Sul são renovadores de energia. São, sem dúvida, as imagens mais lindas que já vi. Foi como resumi ao ver o primeiro pedaço: emocionante.
Todas as formas, detalhes, marcas, histórias e tudo mais que cada um percebe de sua maneira está disposta à frente. O ar bate mais suave, o sol queima como qualquer outro lugar, entretanto, é agradável.
Todos os quilômetros percorridos para chegar ao destino eram de expectativa intensa, a chegada era de uma satisfação indescritível e a volta era de pura alegria e certeza de estar no lugar certo no momento certo. O cansaço ficou em segundo plano.
Que vista!
Nós precisávamos disso, minha esposa e eu. Isso traz a experiência de que acompanhado é muito melhor, não é só o que se vê, mas também os comentários, as fotos e a divisão da emoção. Um belo final e início de ano para o casal. Conhecemos Itaimbezinho, Fortaleza (Pedra do segredo e cachoeira do Tigre preto) e Índio Coroado, alguns outros lugares ficaram para a próxima visita. Cada Cânion com suas particularidades e belezas que apenas os olhos podem perceber, não existe câmera que consiga revelar a verdadeira imponência de cada um. Os mínimos detalhes ficam apenas na memória, não há como descrever em palavras.
As estradas pós-asfalto te obrigam a desacelerar e prestar mais atenção ao redor, todo o momento algo chama a atenção, seja os campos, as nuvens que formam imagens diferentes e que adentram os morros formando cenários surpreendentes, seja o céu limpo ou preparando a chuva, os sons dos pássaros, macacos, grilos, e tudo mais. Ou seja, difere de tudo.
Eu tentarei, mas com palavras não saberei expressar o que senti.
Nossa estada foi na pousada de cabanas Bolicho Guabiroba, que fica no centro de tudo, o lugar que imaginávamos e parecia que já conhecíamos. Esse fato ocorreu pela perfeita recepção que tivemos. Como diz a placa de chegada, conseguimos entender um pouco daquele sonho. Neco, Elige e o pequeno Arthur fizeram nossos dias e noites extremamente agradáveis e felizes. Os cães (Cléo Kuhn e Panda) nos acompanharam na primeira caminhada, o sapo (batizamos de Cloude) nos fez companhia nas noites, enquanto descansávamos na área da cabana e saboreávamos a cerveja artesanal feita ali mesmo.
A gata malhada com uma ligação inexplicável e que ali estava fez com que notássemos o que é a natureza real. Foi tudo lindo e verdadeiro.
Muito obrigado!
Posso dizer que essa viagem beirou a perfeição, não sei se faremos algo tão gigante daqui para frente, iremos procurar, mas imagino que algo semelhante será muito difícil.
Temos que voltar ao ritmo da cidade, mas com as baterias recarregadas, nós precisávamos disso e penso que todos precisam.
Obrigado Cambará do Sul e Bolicho Guabiroba.
Cristian Canto