ESPELHOS

08jan23

Por vezes pergunto por que não conseguimos nos enxergar nos espelhos que a vida nos dá. Será porque a imagem que eles refletem não é a minha, ela é mais gorda ou mais magra, mais alta ou mais baixa, as vezes até parecida, mais aí, mais nova ou mais velha. Vejo figuras tristes e outras alegres, as alegres detêm minha atenção pelo dobro dos segundos das demais, mas também se vão.

Essa quantidade de imagens que me foram e são ofertadas a cada segundo começaram a me fazer indagar o porquê delas. Seriam elas um mero acaso? Impossível de serem pela profusão com que aparecem. Seriam elas criações mentais que simplesmente existem para exercitar a mente? Não, com certeza não, caso fossem, trariam o cansaço e a rejeição física que ele, o cansaço, provoca.

As dúvidas em nossas vidas nada mais são do que um lembrete do nosso arbítrio, que nos foi dado e é de nossa única e inteira responsabilidade, não sofrendo restrições nem de Quem nos deu o dom da escolha. Quando a dúvida ocorre, e sua constância nos desenvolve a criatividade, ela nos obriga escolher seguir pela direita ou pela esquerda, pois se parados ficamos, ela nos cria raízes e nos transforma em vegetais.

Volto as imagens e concluo que elas são simplesmente variações da luz, da intensidade da luz, e por serem “prismadas” por nanos cristais constituintes do ar que mantêm a vida, são coloridas.

Aí então, eureka!, descobri a pólvora. Se as imagens são luzes e as dúvidas as bifurcações dos caminhos, os espelhos que a vida nos dá são placas sinalizadoras, em alta definição, que nos mostram por onde seguir e de onde desviar.

Sigamos em frente, o caminho ainda que longo, sempre nos reserva a vitória da chegada.

Geraldo Cerqueira