Jasmim
Textos Crônicas
O Jasmim
5h40 e o café da manhã ganha vida. As janelas abertas, o amanhecer iluminando a casa aos poucos, os sussurros formando um cantarolar tímido para não acordá-lo.
A mesa posta com o café da manhã pronto, pássaros cantando lá fora e dentro da casa o calor de duas almas que se reconhecem e se amam.
6h00 e ela entra no quarto devagar, pés descalços pisando suave no chão de madeira. Aproxima-se delicadamente para, enfim, dizer-lhe "bom dia" seguido de beijos carinhosos.
Tomam café da manhã juntos entre olhares e aquele confortável silêncio acompanhado de sorriso genuíno. A felicidade habita a simplicidade daqueles dois que vivem o que acreditam.
6h30 e ela vai até o jardim enquanto ele escolhe pacientemente a cápsula de seu café favorito para preparar. Cinco minutos e a sua caneca cinza está cheia de café com aquele aroma inebriante. Ele abre o portão e ela está sentada no chão, debaixo do jasmim, olhando o céu, radiante como aquelas manhãs de sol.
Ele senta ao seu lado, eles se olham, conversam em silêncio, sorriem, fecham os olhos, contemplam a vida e apreciam a existência um do outro. O vento gelado contrasta com os raios de sol que iluminam a vista.
As felpudas flores de jasmim exalam um sutil perfume, mas o cheirinho de amaciante da camisa dele, misturado ao aroma do café formam a combinação perfeita que remete ao aconchego do lar.
A sensação de pertencimento revela a plenitude que invade aquelas almas.
Há muito mais que um simples estado de espírito ali naquele momento.
Há vida.
Em sua forma mais pura e absoluta.
Aquelas manhãs - e algumas tardes também - foram suficientes para formar a amálgama perfeita. A profunda conexão entre dois seres que se amam além da matéria, do propósito, da essência. Se amam pelo todo e pelo amor. Pela humanidade que habita seus corações e pela vontade.
E ao se levantarem, se abraçam em um ato de intensa fusão de corpo e alma, momento em que se reconhecem como morada um do outro.
Lar.
Casa florida.
E o pé de jasmim.