O REi PAPAI

Por Sandra Fayad

Era Dia de Santos Reis quando ele virou estrela há exatos 16 anos. Tempo que voa! Mas sua presença continua firme entre nós, nas reuniões familiares, na horta, na festa dos Reis Magos da Fazenda. Ele era, a seu modo, uma presença muito interessante. Contador de causos, dono de expressões como “supimpa”, “batuta”, “ahran”, de planos e projetos de longo prazo aos 91 anos de idade. Um desses projetos continua mais vivo do que nunca. A Horta passou por perrengues ao longo desse tempo, mas venceu todos os obstáculos e está eternizada em reportagens e entrevistas que contam a sua origem: “...foi ele quem começou tudo”. Mas hoje eu quero contar sobre uma curiosidade e um hábito que ele adquiriu tardiamente. Depois que se aposentou os 88 anos, passou a receber a pensão do INSS, que ele não entendia. “Então isso é verdade...eu recebo sem trabalhar?” Bem, com o tempo ele aceitou que o dinheiro era um direito adquirido pelo tempo trabalhado durante toda a vida. Gostou da situação e, passado mais algum tempo, já sabia exatamente o dia em que o dinheiro estaria disponível. Então me telefonava para lembrar que eu devia ir ao Banco “buscar o meu dinheiro”. Como a agência era perto da minha casa eu ia assim que ele ligava.  Mas havia um detalhe a ser observado. “eu quero tudo em notas de dez reais”. Intrigada com essa exigência, resolvi investigar... Bem, foi fácil. Descobri que ele sempre precisava ir à fazenda assim que recebia o dinheiro. É que chegando lá com os bolsos cheios de notas, presenteava os netos, os ajudantes e outros que julgava necessitados, voltando para a cidade feliz da vida.

Bsb, 06/01/2023

Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 05/01/2023
Reeditado em 09/02/2023
Código do texto: T7687882
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.