PODE MELHORAR, VOVÔ
Pode? Será? Sempre temos uma esperança de que as coisas serão melhores no ano no qual entramos. Basta entrar com o pé direito como se fôssemos tomar um ônibus? Tem algo no horizonte que nos informa que coisas boas acontecerão? A humanidade tem sede de esperança. Essa mania de apostar no futuro é complicada. Apostamos no amanhã, mas como vivemos o hoje? Que estamos a fazer nesse minuto mesmo?
Minha retrospectiva do ano passado, dois mil e vinte e dois, não é nem maravilhosa, nem horrorosa. Duas contaminações pelo coronavírus, uma pneumonia, uma mudança de endereço cheia de despesas, uma desavença de família pelos cuidados de minha mãe, nenhuma viagem de lazer. Por outro lado, recebi a visita de minha filha alemã, lancei um livro que ainda é uma promessa de sucesso, comecei a participar de um grupo de vendas que avança, conheci novas pessoas interessantes, escrevi bastante, reencontrei antigos colegas que ainda residem na mesma cidade para onde me mudei, aprendi muito, entre outras coisas menores.
O que esperar, então, do novo ano que se inicia? Dá para colocar muita fé quando a idade começa a pesar? Em fevereiro completo setenta anos. Sete décadas, cara! Sete! Tenho alguns pontos a meu favor. Cartas na manga. As rugas crescem lentamente, ainda. Os indicadores de saúde, aqueles resultados dos exames sopa de letrinhas, estão muito bem. Ainda aguento caminhadas longas, faço ginástica de solo, danço de vez em quando e sou sexualmente ativo. Não posso me debruçar em queixas. Logo, não as faço. Acredito que pensar em coisas boas abre espaço para que elas aconteçam. E elas acontecem.
Então, seguem pontos de minhas perspectivas para dois mil e vinte e três:
• Apesar dos setenta anos, estarei muito bem, ocasionalmente em bons momentos de felicidade. Bom humor sempre, como de hábito.
• Deverei lançar ao menos mais três livros, eles já estão quase prontos.
• Minha vida amorosa continuará muito bem. Meus amigos continuarão presentes em minha vida.
• Apesar de pessoa idosa, continuarei trabalhando com boa vontade, alegria e prazer. Tenho propostas de palestras em alguns lugares, meus livros venderão bem, minhas histórias serão contadas e ouvidas. E continuarei produzindo novas histórias.
• Meus clientes para mentoria e curadoria de saberes e conhecimentos aumentarão no ano, pois minha experiência nas questões que abordo aumentaram.
• Minhas artroses nas juntas do corpo não irão aumentar. Consegui um bom equilíbrio no trato delas com ginástica e alimentação adequada.
• Minha família não me provocará sobressaltos em demasia.
• Continuarei degustando bons vinhos com alguns amigos especiais. Aquele uísque premiado que comprei no Natal será apreciado com parcimônia.
• Meus filhos distantes se aproximarão de mim, finalmente (ainda guardo umas pontas de dúvida quanto a isso, mas, espero).
• Minha conta bancária terá saldos positivos o ano todo. Lidar com dinheiro exige cuidados especiais. Vou me aprimorando neles. Ainda sou jovem para aprender sobre educação financeira.
• Meus empreendimentos serão bem sucedidos, mais que no ano anterior. Seguir em frente, sempre. Recuar só para tomar impulso.
• Terei tempo para algumas viagens de lazer e ócio. Meu corpo e minha mente merecem.
• Gostaria muito de ter um carro novo. Será que é pedir muito, Iansã? Prometo usá-lo com sabedoria, pois o combustível anda muito caro.
Se eu me lembrar de mais algum desejo, vontade, ou apenas uma coceira no cérebro, aumentarei minha lista. Não quero abusar muito dos deuses, eles têm sido extremamente bondosos comigo. Minha gratidão a eles pelos cuidados à minha pessoa. Agradecerei mais ainda, e farei algumas oferendas contritas se metade de meus desejos forem satisfeitos.
Paulo Cezar S. Ventura (pcventura@gmail.com - @paulocezarsventura)