Funeral para memórias invernais

Imagens do Sol se pondo marcham em direção à um fundo opaco no canto da minha mente. Funeral para memórias invernais, os ruídos fluem como canções outonais. Os dias costumam deslizar em direção oposta aos meus olhos. Eu perdi seu rosto, perdi sua caligrafia, perdi sua silhueta, perdi o som da sua voz. Um funeral, as memórias se deitam sobre a grama pontiaguda de uma fazenda parisiense, ninguém compareceu, ninguém além das nuvens que insistem em correr sob um céu infestado por lembranças amórficas. As lembranças se dissipam e respondem com chuva. Chuva no funeral, alguns trovões despencam nas memórias e eletrocutam todos os momentos. Sonhos elétricos, o fim do funeral é marcado pela ausência de Sol no horizonte.