Eterno rei Pelé

“O Edson morre, mas Pelé, não”, disse certa vez o Rei durante uma entrevista. E não há o que contestar. Pelé não morre. A sua história está perpetuada e suas conquistas fizeram toda a diferença, junto aos amantes do futebol, não só do Brasil como do mundo inteiro. Tornou-se a figura mais conhecida do Brasil no exterior. O mineiro de Três Corações não foi um simples craque de bola. Era diferenciado, uma habilidade inigualável, tornando fáceis jogadas que para outro atleta seriam complicadas de realizar.

O nome Pelé se tornou sinônimo de tudo aquilo que é bom, que é o melhor. O grande piloto é chamado de “pelé das pistas”. Se é um campeão no boxe, é o “pelé dos ringues”. E por aí, vai.

Como dizia Waldir Amaral, famoso narrador na época, com os seus bordões criativos, Pelé era “o Deus de todos os Estádios”. Outro grande narrador, inesquecível, que marcou espaço com o seu vozeirão, o mineiro de Caxambu, Jorge Cury, que vibrava como ninguém com mais um gol do garoto que encantava multidões.

Falando sobre isso, não tive essa felicidade de narrar um gol de Pelé. Ainda iniciante na carreira de narrador esportivo, as oportunidades não foram muitas para que isso acontecesse. Ainda assim, desde cedo me interessava em acompanhar pelo rádio, inicialmente e depois pela TV, a passagem destacada pelo mundo da bola, desse jogador genial.

Boas lembranças ficaram. O primeiro gol de Pelé com a camisa da Seleção, na Suécia, em 1958, diante de País de Gales é uma delas. A matada de bola no peito, chapeuzinho no adversário e sem deixar a bola tocar na grama, o toque perfeito no cantinho direito do goleiro. Maravilhoso!

O milésimo gol no Maracanã, o toque perfeito no gol mais emblemático marcado de penalidade máxima. Jamais poderia esquecer aquele 19 de novembro de 1969. Pelo radinho de pilha, ouvindo Doalcey Bueno de Camargo, com o seu tradicional “disparooouuuuu..... gooooooooollllll, de Pelé”.

Para relembrar capítulos da história de Pelé, temos que destacar a Copa de 1970, no México. A Seleção brasileira chegava com moral, apesar de não ter vencido quatro anos antes na Inglaterra, mas já possuía o bicampeonato, conquistando a “Jules Rimet” em 1958 na Suécia e 1962, no Chile. No México, o material humano à disposição de Zagalo era extraordinário. O resultado não poderia ser diferente. Tinha mesmo que ser campeão. Para mim, a melhor seleção brasileira de todos os tempos: Rivelino, Tostão, Gerson, Jairzinho, Clodoaldo e todos aqueles outros craques no mesmo time e, lógico, incluindo a cereja do bolo, o Rei Pelé. Não tinha prá ninguém!

Registro aqui também, o grande dia em que pude, enfim, acompanhar de perto, das arquibancadas, uma partida da Seleção Brasileira, com o eterno Pelé em campo, contra o Atlético Mineiro, em Belo-Horizonte, no Mineirão, Estádio que comemorava os seus quatro anos de existência, em 1969. Lembro-me bem daquele 3 de setembro. Eu e mais 71 mil 532 pessoas, testemunhamos o gol de Pelé, numa noite em que a seleção perdeu por 2x1, mas com gol “dele”, em plena forma, a um ano antes de conquistar o Tricampeonato.

O mundo todo demonstra os sentimentos pela perda de Edson Arantes do Nascimento (23out1940 – 29dez2022) e, ao mesmo tempo, reverencia a trajetória de sucesso, daquele que conseguiu parar uma guerra, tornou o Brasil mais conhecido, inspirou carreiras de outros craques e arrancou aplausos até de torcedores adversários, pelas suas jogadas mirabolantes e gols memoráveis. Este é Pelé: o Rei do futebol!