Leveza
Gosto de chegar em casa mais cedo, depois de um dia de trabalho, ganhar um entardecer, para mais uma noite onde posso fazer as minhas coisas pessoais, sem alarde, sem cobranças, sem pressa, sentir livremente o tempo passando feito um rio, indo indo, e nele eu viajo. A antiga goiabeira do vizinho, tende cada vez mais à se jogar para dentro do meu quintal, e eu gosto disso, não pelos frutos, gosto até das folhas secas caídas pelo chão, causa uma sensação de estar no interior, gosto, por toda a alegria dos passarinhos fazendo festa, aqui e ali um vem alegre e graciosamente bica uma e outra goiaba madura que se esconde no emaranhado de folhas do meu velho abacateiro que insiste em empurrar os seus galhos para o lado de lá, para cima da goiabeira, e vice-versa, passo um tempo sentada ali, esquecida de tudo, nesse encantado alvoroço deles aninhando-se e que gritam tão lindo!
Amo a vida, os passarinhos e essa leveza contagiante, amo as suas algazarras, quem sabe assim eles se comunicam entre si, conferindo se todos retornaram depois de tantos voos por mais um findo dia à fora? Tudo isso causa em mim, uma doçura que invade-me dando asas à minha vida, incentivando-me à alcançar a primeira estrela da noite.
Depois dos sonhos mais lindos e do sono bom, amanheço com o café na chaleira, e em seu cheiro, retorno para eles, antes de sair preciso ouvi-los, mas hoje especialmente hoje, choveu bastante, não ouvi um pio sequer... por onde andarão, ainda um resistente e sempre presente Bem-te-vi! Veio dar o seu grito de bom dia, animador, esse com certeza vem sempre trazendo uma mensagem do meu amor, o meu amor a quem eu chamo de minha segunda alma, olho para o oitão e lhe respondo com um aceno, um riso ao seu bom dia, e feliz para o trabalho eu vou. Como é maravilhoso viver esse mundo de tantas paisagens, tantas emoções acolhendo nossas almas.