O Espírito da Boa Literatura

Eu sei que é fim de ano, tempo de férias, de descanso, de festas, diversão, "aproveitar a vida" e toda essa lenga-lenga anual. Mas, caralhos, por que todo mundo faz essas coisas você precisa também fazer? Então seremos eternos escravos das convenções sociais e de tradições humanas ancestrais?

Tu é um espírito livre e podes criar tuas próprias convenções sociais, tradições, costumes, hábitos, ideais e definições sobre "o que é aproveitar a vida."; Como devo ser ante minha família e a sociedade?", "O que é diversão pra mim?", "Por que devo seguir os passos de todos nesses feriados?", "Sou livre mesma para pensar e falar e agir e ser eu mesma?!?"

O Espírito da boa Literatura é capaz de acordar e refazer a vida de tantas pessoas, pois a força e o poder da palavra pode ser divina, não é por acaso que Deus fez o mundo e tudo o que nele há por meio de sua palavra: "No princípio era a palavra, e a palavra estava com Deus e a palavra era Deus."

Jamais procurei ser diferente, embora várias pessoas me achem diferente ou pensem que eu quero ser diferente das outras. Gosto de ser eu mesmo, outras vezes detesto ser quem sou; entretanto, sempre busquei os meus próprios caminhos, sempre busquei agir conforme a minha própria vontade (não tenho culpa se minha vontade é quase sempre esdrúxula, diferente, atípica!), e sim, eu ouço o que o outro tem pra me dizer, mas sou eu quem decide minhas ações e minha persona.

Por exemplo, sempre gostei de ler, principalmente quando todos buscam se divertir e "curtir a vida" (faça o que você quer fazer sem bancar a vítima de suas escolhas), eu prefiro a leitura a esses "divertimentos" convencionais, burlescos, prosaicos, previsíveis.

E estou adorando curtir os novos escritores de nosso Brasil: a boa literatura não só vive nos Estados Unidos ou na Europa, não; a boa literatura ainda pulsa e vive aqui, em nosso país. Li autores nacionais que achei incríveis, por exemplo, Mariana Carrara, Silviano Santiago (que ganhou o prêmio Camões neste ano), li todos os livros de Jeferson Tenório, Andrea del Fuego, Micheliny Verunschk (ganhadora do prêmio Jabuti deste ano), Adriana Lisboa, Lya Luft, entre vários outros.

Precisamos valorizar mais os escritores e escritoras de nossa nação. É claro que eu também adoro os clássicos, como Homero, Platão, Shakespeare, Ovídio, Dostoievski, Tolstoi, Proust, Thomas Mann, Faulkner, Fernando Pessoa etc., nem por isso podemos deduzir, categoricamente, que a literatura foi enterrada há várias e várias décadas e nada mais há de bom no mundo literário. Pensar assim é insensatez. Enquanto houver almas apaixonadas e comprometidas com as palavras, as ideias, os enredos... comprometidas com o ato de narrar histórias e vidas e personagens com imaginação, verossimilhança, criativade, competência, lágrimas, risos, suores, autenticidade, enquanto houver tudo isso na alma desses escritores sempre vai haver uma boa literatura, a qual jamais irá fenecer e nem ser sepultada e esquecida.

Parafraseando uma passagem bíblica: "A Literatura jamais estará morta enquanto houver alento e espírito em seu corpo e nas estranhas de suas palavras e enredos."