A chita como tecido, na Europa, era muito usada com estampas distintas das que habitualmente vemos. Eram flores miúdas e cores claras, sendo muito utilizadas pelas famílias da classe média. Entre os séculos XVII e XVIII a Europa iniciou processo de apropriação da chita e, foi em meio a Revolução Industrial, que o tecido assou a ser feito em qualidade superior. E, Portugal foi um dos derradeiros países europeus a se apropriar da fabricação da chita que então culminou com a chegada da chita no Brasil.

 

E, aqui se instalou particularmente em Minas Gerais, com a Companhia de Fiação e Tecidos Seda e Cachoeira, já no fim do século XIX. E, aqui ocorreram medidas que visavam a proteção do mercado. 
Dona Maria I, conhecida como Maria, a Louca, proibiu a produção do tecido em território colonial para que não houvesse conflito com o tecido produzido em Portugal e exportado ao Brasil.

 

Em Pernambuco, a indústria têxtil assou um período restrita a produção de sacos para o armazenamento de alimentos tais como o café e açúcar. A produção de tecidos para vestimentas passou a ser realizada para roupas de escravos ou então para as crianças brincarem. A popularização da chita persistiu até a década de 1950, quando enfrentou o ostracismo e recuperou sua identidade apenas na década de 1970. 

 

Foi num desfile organizado por Zuzu Angel, em Nova York, ela ofertou para as esposas dos embaixadores roupas feitas de chita, tendo como significado de algo que pertencia à identidade brasileira. E, desde então, o tecido jamais desapareceu da produção brasileira. A chita, atualmente tem sido muito utilizada em decoração, nas poltronas, cortinas e papel de parede. Já em vestimenta, até em razão de seu caimento, tem ocorrido a apropriação da estampa em tecidos mais nobres.

 

Em 1959, a estilista Zuzu Angel foi uma pioneira que inseriu a chita no mundo fashion. Exibiu uma coleção com saias feitas de chita e zuarte, tecido semelhante e igualmente barato e foi um sucesso.

O morim é pano leve e fino de algodão sendo usado para fazer queijo, mascarpone e tofu. E, no vestuário é conhecido como forro PT (pronto para tingir) usado em calças jeans e, utilizado também na confecção de chita.

 

A palavra "morim" tem origem na língua malaia, muri. O morim é tecido de algodão rústico com trama simples e acabamento engomado, é a base para a chita que se caracteriza or ter estampas coloridas de flores.
Por ser de baixa qualidade era muito usado na fabricação de roupas para escravas durante o período colonial. É um tecido simples, normalmente, usado para realização de oferendas em ritos religiosos. Tudo o que você precisa para praticar sua fé!

 

O nome chita vem do sânscrito, pronunciado chitra, isto é, txitra que corresponde ao desenho, pintura e imagem, através do neo-árico chit, que em inglês, resultou em chint, no plural chintz, tendo o mesmo significado e, surgiu na Índia medieval e conquistou europeu, antes de se popularizar no Cazaquistão.

 

Era originariamente um tecido estampado e produzido na Índia desde épocas remotas; os portugueses começaram a importar chitas da Índia, pelos idos de 1518, para as reexportar para a costa africana e para a colônia brasileira. Já, ente 1600 e 1800, a chita que era importada sobretudo do porto de Machilipatnam, na costa oriental da Península hindu, tornou bem popular no Velho Continente como roupa de cama e para patchwork. Foi por volta de 1600 que os holandeses começaram levar expressivas quantidades do tecido para a Europa sendo tais tecidos muito caros e raros. 

 

Com a chita importada e se tornando cada vez mais popular entre os europeus, no final do século XVII, havia preocupação por parte das tecelagens francesas e inglesas, vez que não produziam chita. E, foi em 1686 que conseguiram que a França proibisse a importação deste tecido. E, ainda, em 1720, o parlamento inglês proibiu não apenas sua importação bem como seu uso. E, os produtores europeus realizaram muitas tentativas de imitação dos padrões de chita, e o resultado mais conhecido foi a estampa francesa chamada de toile de Jouy.

 

O tecido originário da Índia passou por várias melhorias até chegar ao que temos hoje. Após um longo processo burocrático, cultural e financeiro, a chita passou a ser produzida também no Brasil. A produção do tecido no país o barateou, e muito, tornando populares as peças confeccionadas com o material, transformando-o, assim, em um dos ícones da identidade nacional. 

 

Atualmente é mais usado em festas populares, como a festa junina, mas vem sendo valorizado também na decoração, principalmente como referência estética. De tempos em tempos, ganha espaço em passarelas, galerias de arte, vitrines e palcos, quando estilistas, artistas plásticos, designers e outros criadores redescobrem estas estampas e as incorporam a suas produções.

 

Nas três primeiras décadas do século XX, a indústria brasileira viveu uma fase intensa de desenvolvimento. A construção da malha ferroviária e de usinas hidrelétricas facilitava o crescimento, da mesma forma que a chegada de inovações técnicas, como o motor de combustão interna e o motor elétrico. Na área têxtil, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais passaram a concentrar a maior parte das indústrias, assim como o poder econômico que sua produção agropecuária lhes conferia.

 

Era a famosa época da “política do café-com-leite”: os cafeicultores paulistas e produtores de laticínios mineiros tinham influência tão forte na política nas décadas de 1910 e 1920 que se alternavam no comando da nação, com um dos estados indicando o presidente a cada quatro anos.

 

O período denominado "democracia populista" foi de 1945 a 1964 e se caracterizou pela instabilidade política. A economia e a indústria têxtil sofriam as consequências de tanta insegurança. Várias empresas continuavam a produzir e vender chita em abundância, muitas das quais deixariam de fabricá-la alguns anos depois.

As revistas femininas da época ditavam a moda especialmente a vinda de Paris e, ensinavam o comportamento feminino ideal: o de submissa rainha do lar. A drástica "virada de mesa" dos anos sessenta, ainda estava por vir, para mudar os rumos de lares, mulheres, rainhas, moda – e usos da chita.

 

A Fábrica de Tecidos Bangu deixou de produzir Chita para pesquisar, desenvolver e produzir tecidos de qualidade à altura do mercado internacional, usando principalmente o algodão como matéria-prima. Encerraria, assim, sua função inicial de grande produtora de morins e chitas. Até o encerramento de suas atividades existia, na sede da fábrica, no Rio de Janeiro, a chamada Sala das Chitas.

 

No final da década de 1950, a Fiação e Tecelagem São José voltou-se à demanda específica de sua clientela, e começou a fazer testes para fabricar tecidos – entre os quais a chita dotada de largura maior. A essa nova chita, mais larga, deu-se o nome de chitão, que “só deu certo e foi divulgado na década de 1960, quando todo mundo começou a fazer também”, recorda-se Osiris Cimino, diretor comercial da Fiação e Tecelagem São José.

 

Hoje, o que caracteriza o chitão são as dimensões e as cores de suas estampas florais. Se alguém fizer essa estampa sobre outro suporte que não seja morim, certamente a referência do novo tecido será “estampa de chitão”.

 

Em 1912 surgiu a Companhia Fabril Mascarenhas. Começava ali a trajetória de uma empresa que começaria a produzir a chita nos anos 70 e o chitão na década seguinte, mantendo essa produção em plena atividade até os dias de hoje – no momento, sob o comando do neto do coronel Mascarenhas, José Henrique Mascarenhas.

 

Enquanto isso, o cenário internacional vivia as crises que culminariam com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a vitória do comunismo na União Soviética (1917), enquanto nosso país era agitado por revoltas populares, envolvendo ex-escravos, agricultores e operários.

 

A Primeira Guerra Mundial, porém, teria efeito benéfico sobre a produção brasileira. Os países europeus tiveram suas produções manufaturadas suspensas e se dedicaram à produção de armas. Logo, o Brasil começou a tomar lugar de destaque no comércio internacional de produtos manufaturados.

 

A década de 1930 chegou com Getúlio Vargas no poder e a necessidade de solucionar graves problemas financeiros nacionais, reflexos da crise internacional.

 

De 1931 a 1938 a produção nacional de tecidos de algodão cresceu em cerca de 50%, alcançando os 963.757.666 metros anuais. É desse período a fundação da Fiação e Tecelagem São José, em Mariana, Minas Gerais. Nela começou a produção de chita e a gestação do chitão.

 

Nesse momento, os EUA retomavam o crescimento econômico, o continente europeu assistia a marcha do nazismo e o Brasil caminhava para a ditadura Vargas. Em 1939 eclodia a Segunda Guerra Mundial, e mais uma vez o conflito favorecia a nossa indústria têxtil.

 

Em 1944, era aberta em Contagem, cidade na região metropolitana de Belo Horizonte, a Estamparia S.A., que é uma das poucas empresas que ainda produz chita, mas apenas 100 mil a 150 mil metros por mês, o que corresponde a 5% de sua produção mensal de tecidos.

 

Com o fim da guerra, restava o aumento da especulação monetária e da inflação. Os frutos das novas tecnologias, desenvolvidas para a guerra, chegaram até nós e, na área têxtil, o náilon era o novo objeto de desejo. A chita continuava vestindo os trabalhadores braçais e os moradores das regiões rurais, e era, e ainda é, o pano característico das festas populares. Também era usada nas periferias urbanas. Era a vestimenta do dia-a-dia ou a chamada roupa de brincar das crianças.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/12/2022
Reeditado em 01/03/2023
Código do texto: T7680052
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