(DES)ACÁCIA
(DES)ACÁCIA
Do tronco bifurcado migravam galhos. As folhas verdes pendiam e davam as mãos aos cachos de flores amarelas, qual imitação de videiras. A brisa fazia voar essas quase uvas, forrando o chão negro, criando um lindo contraste. Era uma acácia que durante mais de 20 anos enfeitou a calçada majestaticamente. Podada sem qualquer critério em várias ocasiões, para resguardar fios que conduzem energia e informação, aos poucos foi definhando, até que para evitar transtornos maiores foi colocada abaixo, infestada de carunchos. Surgiu um vazio sem cor, restaram dois tocos em “v”, que em nada invocam vitória.
A calçada de pedras graníticas, o asfalto, os fios, permaneceram incólumes em seu feiume progressista. O verde das folhas, o ouro das flores, a sombra benfazeja, morreram sem dar um pio, tal qual os passarinhos e seus ninhos que sumiram sem cantar.