CAFÉ
Na maioria das casas brasileiras é o aroma do café recém coado quem avisa para todos que o dia começou.
Silenciosamente, como se fora sombra, esse aroma nos remete a tempos idos, casas antigas de parentes que já se foram para sempre.
A imagem da forca de madeira que sustentava o fumegante coador de pano se materializa diante dos nossos olhos, o vapor a se espalhar a partir da chaleira sobre o velho fogão era o aviso para o início do ritual que se repetiria à noite, quando novamente, a família se reunia em torno da mesa para a última refeição do dia.
As visitas eram sempre brindadas com um cafezinho, com ou sem leite, acompanhado de bolachas, biscoitos amanteigados, sequilhos, bolos ou puro, simples e forte.
Mas o tempo passou, as visitas se tornaram raras vez que a maioria das comunicações se faz via telefone celular.
Com o advento dos coadores de papel e suportes de plástico, as forcas e os coadores de pano foram aposentados, mas o aroma continua na sua nobre tarefa de avisar que estamos noutro dia e o seu sabor a brindar àqueles que, contrário aos novos tempos, aparecem em nossas casas sem avisar e em horários, por vezes, inconvenientes.