PENA DE VIDA

A vida é, sim, feita

De altos e baixos,

Uma saga, pois, perfeita

Com caprichos e relaxos!

Na sua difícil caminhada

Encontramos tantos percalços!

É mesmo dura a jornada,

Mas não esqueçamos os laços

Da Família, dos amigos,

Dos que estão ao nosso lado.

Não estamos a salvos do perigo,

Que a vida é um aprendizado!

São tantas as aspirações

E são poucas as alegrias!

Também são poucas as ações,

Muitas as dores, as sangrias!

E, assim, será preciso

Não fugirmos da luta,

Vence(re)mos com sorrisos...

Não com a força bruta!

A lei lá não é boa! Na lida

Vivemos todos por um triz!

Aqui, para se ser feliz,

Necessitamos da Pena de Vida!

Afinal, somos quem somos,

Mas, com a fé em punho,

À frente toca(re)mos:

Deus é o nosso testemunho!

(NAZAREZINHO-PB)

TEXTO INTERAÇÃO:

A FAVOR DA PENA DE VIDA

"Eu não sabia que virar pelo avesso era uma experiência mortal."

Estivera sentada no banco dos réus por tempo demais. Todavia, a espera parece, finalmente, ter valido a pena. Ella acaba de ouvir seu veredicto: "Depois de tantos dissabores, tantas lutas inúteis, tantas situações e pessoas inconvenientes, tantos sonhos inteiros realizados pela metade ou não realizados, Ella, foste condenada à Vida."

Pela primeira vez em sua existência, Ella sente-se segura e confiante. Resoluta, toma a seguinte decisão: "Enfrentarei sem temor, sem remorso, sem culpa e, principalmente, sem aviso. Que aconteça o que tiver de acontecer, pois estou pronta. Que saibam de minha Vida sem nenhuma antecedência, caso contrário, seriam capazes de pedir uma revisão de todo o processo e, inclusive, do resultado final – acostumados demais que estão comigo..."

Lançando seu olhar para o futuro, nele encontra a tranquilidade. A falta do hábito de ter fé a impede de perceber que seu sentimento é conhecido pelo nome de Esperança. Ella, então, inconscientemente adivinha: "Nunca mais serei obrigada a sentir medo; nunca mais terei de me desesperar devido à insegurança; nunca mais permanecerei imóvel pela indecisão; nunca mais precisarei me preocupar com o que os outros possam pensar, até porque eles estão sempre deduzindo acerca do pensamento e comportamento alheios; nunca mais terei de assistir impassível à invasão dos meus limites; nunca mais serei impedida de repartir o que tenho de bom, nem de ter repartido comigo o que os outros também possam ter de bom."

Ella sabe que depois de executada a sua pena, sentir-se-á verdadeiramente viva. E todos saberão que Vida significa Transformação, pois já não haverá mais o pacato, o pecado, o comedido, o enquadrado demais às regras, tampouco o peso da culpa que nega a felicidade.

"Pronto. Está feito. Foi decidido. Cumprirei o meu Destino: Lançar-me-ei no abismo chamado Risco, meu corpo planará no vão da Conquista, minh’alma rejubilar-se-á no contato com a base sólida da Realização. E tudo aquilo que fui cederá lugar ao que reinventarei acerca de mim."

Sabendo que não será nada fácil, que terá de se respeitar para ser respeitada para, então, aprender novamente a amar e, assim, permitir ser amada, Ella olha para o céu azul celeste – agora ele tem cor – faz o Sinal da Cruz involuntariamente – agora a fé habita seu acelerado coração – e se lança à Vida.

Autora: Ana Cristina Cesar, Rio de Janeiro, em 20/05/05.

*Texto publicado no livro Onze cores da uva: contos e crônicas. Rio de Janeiro: OPVS, 2005.

Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino
Enviado por Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino em 26/12/2022
Código do texto: T7679740
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