APENAS UM SONHO

Peguei a chave que se encontrava em cima da mesa e, depois de olhar novamente se os documentos do carro estavam em meu bolso, saí. Fechei a porta do apartamento e comecei a descer lentamente a escada de acesso à rua.

Não tinha destino, apenas sentia a necessidade de sair e dirigir pela cidade, sem rumo nenhum definido. Era muito comum eu tomar aquela atitude. Às vezes temos que, de certa forma, ser irresponsáveis.

Eu, no entanto, não estava sendo irresponsável, apenas queria andar e olhar de forma despreocupada as pessoas que iria encontrar pelo caminho. Procuraria não ir como sempre, analisando a possível personalidade deste ou daquele, apenas pelo físico que eu via.

Enquanto descia lentamente as escadas, ia tentando encontrar um roteiro a seguir, mesmo sem nenhum compromisso que tivesse anteriormente sido agendado ou programado.

Atravessei a rua e procurei me desviar dos irresponsáveis motoqueiros que, naquele momento, pareciam apostar uma corrida.

Eu senti medo por eles.

Imaginei que poderia haver um acidente e algum deles morrer.

Novamente minha mente analítica havia-me traído, ela tentava imaginar ou criar situações que ainda não eram reais.

Eu, às vezes, tinha medo do meu pensamento.

Abri a porta do carro, no mesmo momento em que ouvi o barulho da frenagem de um veículo num cruzamento da rua um pouco mais adiante.

O motorista do carro tentara desviar-se da moto, mas em vão.

Com a colisão entre os dois, carro e moto, fechei novamente a porta do carro, atravessei novamente a rua e, lentamente, subi as escadas.

Abri a porta do apartamento, entrei, coloquei as chaves sobre a mesa e tirei os documentos do bolso, colocando-os no local de costume.

Naquele momento desejei que tudo tivesse sido um sonho. Apenas um sonho.

Então acordei.

06-12-07-VEM

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 07/12/2007
Reeditado em 09/04/2009
Código do texto: T767942