A turma da picanha

Em respeito: Esse texto não indica uma posição política.

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Crônica:

A turma da picanha...

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–Olá amigo companheiro...como vai?

–Vou bem meu amigo Lulu.

–Meu amigo companheiro, diga-me uma coisa...ouvi dizer que o povo não quer que eu suba a rampa! Isso é verdade?

–Mas antes de me responder, traga-me uma cachacinha...acordei com a garganta seca e estou precisando molhar a palavra.

–É verdade sim meu amigo Lulu...eles disseram que você não vai subir a rampa.

–Mas porque isso amigo companheiro? Eles estão com medo que eu escorregue e venha a me machucar?

–Espere, antes de responder essa outra pergunta, me traga outra cachacinha...encha o copo dessa vez!!!

–Não...mudei de ideia...faça o seguinte amigo companheiro...traz logo a garrafa...deixe ela aqui pertinho de mim...ficar nesse vai e vem não dá...me traga a garrafa inteira.

–Senhor Lulu...não acha que já bebeu muito...amanhã é o grande dia em que a faixa lhe será entregue.

–Pare com isso amigo companheiro...não se preocupe, eu bebo desde jovem...estou acostumado.

–Pega aqui amigo companheiro...leve essa graninha e peça que alguém compre um lanchinho pra você, e manda trazer para mim mais uma garrafa daquele licor gostoso, e duas daquela de batida de amendoim que eu gosto.

E assim chega o dia da entrega da faixa.

Ao descer do carro Lulu escuta o seguinte cântico vindo da multidão que estavam acampados por ali a quarenta dias.

( Se for preciso a gente acampa...mais o Lulu não sobe a rampa).

–Estou emocionado amigo companheiro...meu povo está preocupado comigo...eles têm medo que eu tropece e caia.

–É isso mesmo amigo Lulu!!!

–O povo só quer o seu bem!!!

–Companheiro: repita pra mim o que eles estão cantando; eu não ouvi direito!!!

–Amigo Lulu...eles estão dizendo na letra assim (Se for preciso a gente acampa...mas o Lulu não sobe a rampa).

–Obrigado companheiro; agora entendi.

–Amigo Lulu...estão vindo em sua direção alguns repórteres...O senhor vai dar entrevistas?

–Vou sim amigo companheiro.

–Lulu...aqui é o Claudionor de uma rede de televisão do Norte...O senhor não vai subir a rampa?

–Amigo repórter...o povo está cuidando de mim...eles têm medo que eu venha sofrer um acidente...a rampa é alta...e eu já sou idoso.

O repórter ouve as palavras do senhor Lulu e resolve abrir o jogo.

–Senhor Lulu...esse povo não gosta de sua pessoa...o senhor já ouviu o que estão cantando? Eles estão dizendo na música que, ( Se for preciso a gente acampa...mas um ladrão não sobe a rampa).

Sabendo disso...Lulu resolve sair rapidamente dali.

Mais tarde a caminho do duplex os dois conversam.

–Amigo Lulu...o que vamos dizer logo mais na TV GLOLOBO...?

–Amigo companheiro...isso é fácil...basta a gente mentir como sempre fiz!!!

–Vamos dizer que fui em uma festinha ontem a noite e comi algo que me fez mal, e por isso não pude subir a rampa.

–Senhor Lulu...será que eles vão acreditar nessa mentira?

–Claro que sim amigo companheiro...

–Eu já menti muitas vezes e eles sempre acreditaram em mim.

–Além do mais amigo companheiro; essa emissora tem que fazer o que eu mando; caso contrário eu não assino a concessão que eles tanto querem.

–Senhor Lulu...esse presidente que está deixando o governo já concedeu por quinze anos!!!

–Eu sei companheiro...

–Mais nós podemos melhorar isso, vamos aumentar pra vinte anos, e ainda oferecer uma verba a mais por fora.

–Voltando ao assunto, o senhor vai dar mesmo essa entrevista?

–O que irá falar? –O povo não é mais bobo...eles descobriram tudo...o senhor foi preso e condenado.

–Companheiro...não esquenta...está tudo dominado...até o cabeça de ovo fechou com a gente. Fica tranquilo.

–O que tem isso a ver senhor Lulu?

–Como assim?

–O cabeça de ovo que eu conheço é o inimigo do Batman!!!

–O amigo companheiro está por fora...esquece isso...liga logo o carro...vamos sair daqui antes que esse povo me veja.

–Relaxa companheiro... tudo vai dar certo...vamos pra minha casa tomar uma cervejinha estupidamente gelada e comer uma picanha fresquinha.

–Senhor Lulu...não vai convidar o seus eleitores?

–Claro que não companheiro... quando falei que eles iam comer picanha...tratava-se apenas de uma metáfora.

–Companheiro...você acha que vou gastar essa graninha extra com açougueiros? E ainda comprando carne pra essa gente?!

–Esse dinheiro vai servir pra encher o meu bolso e a cueca do meu amigo Cisco Rodrigues.

Igor Rodrigues Santos

Poeta Igor Rodrigues Santos
Enviado por Poeta Igor Rodrigues Santos em 24/12/2022
Reeditado em 25/12/2022
Código do texto: T7679075
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