Alma de muita luz e paz
Ouve um tempo, que pensava bem diferente e agia como tal. Deixava fervilhar-se diante das incontáveis atrações que o mundo lhe oferecia, vivia sempre agitado, como se tempo fosse uma laranja que precisa chupar o caldo e jogar o bagaço. Nesse espaço de tempo o mundo se apresentava um céu escuro, amizades informais, tudo parecia enfadonho e desinteressante, tinha pavor de quem pensava diferente.
Mas um dia acordou e viu o tempo se apresentar como seu aliado, e fez uma reflexão profunda de sua vida, em uma das suas lembranças notou que tempo passado tinha ensinado lições preciosas, que aquelas marras o levaram para um caminho de dores e espinhos. Sendo assim, compreendeu que tudo que fez de bem, com amor, retornou em bônus transbordando de felicidade.
Não foi fácil, aos pouco afastou-se, constatou que necessitava de dar uma pausa. Depois de um tempo os “ruídos” cessarão, e voltou sentir-se mais leve, e viu a vida se presentar de modo especial mesmo nos caminhos cheios de pedras.
Agora, vive em paz meditando, redescobrindo-se o tempo perdido. Passou a apreciar a própria companhia. Continua tendo a rotina de trabalho, estudo, família, e lazer, como manda o figurino, mas seu olhar está diferente. Mudou o foco, e, por isso, achou bom mudar também de endereço. Valorizou a simplicidade. Aprendeu que nem tudo o que reluz é ouro, e que não precisava de muito para sentir-se feliz. Também aprendeu a falar menos e ouvir mais. Os hábitos tão arraigados foram perdidos sem muito esforço, como uma roupa que já não serve e da qual ele nem sente falta. As antigas dúvidas foram respondidas e deram lugar a novas perguntas, no ciclo infinito de busca que move adiante a humanidade.
Ao cair da tarde, ele volta para casa e tira os sapatos. Troca o apertado traje social por uma roupa mais leve e confortável. Desliga o celular. Lê um bom livro sentado no sofá da varanda, apreciando o pôr do sol. Fecha os olhos ao aspirar o perfume das flores de bergamoteira, e ouve o gorjeio dos pássaros que se empoleiram nos galhos, despedindo-se da luz do dia. O vento suave embala suas reflexões e, vencido pelo cansaço da semana, ele adormece sem perceber. Quando desperta, vê o luar banhando o jardim: as horas se passaram e a lua nasceu, por trás da casa, tingindo o cenário de branco azulado. Ele se levanta e desce os degraus, caminhando descalço pelo gramado. O único som que pode ser ouvido é o de sua respiração; até o vento cessou. Ele sorri. O silêncio chegou.
Vai pra cama dormir, porque amanhã vai viajar rever seus familiares que a muito não vê, afinal o Natal se aproxima!!!!!