MINHA FORMA, FORMALZINHA

É sempre difícil escrever algo que seja excêntrico, inteligente e fale sobre a gente. Daí me deu vontade de dizer coisas engraçadas, mas que ao mesmo tempo fossem uma paulada, daquelas que de tão simples a gente nunca pensou. E eu comecei a escrever meio sem sentido. Fiquei com uma puta raiva de quem realmente sabe escrever algo que seja excêntrico, inteligente e pessoal: porra, por que é que eu, euzinha, não consigo? Fico parecendo uma imbecil, presa a uma forma que nem forma tem. É a minha forma, toda formalzinha. E como comecei a escrever sem sentido, eu relaxei, e descuidei de ser formal. Me peguei pensando nuns palavrões bem cabeludos, me deu vontade de escrevê-los para sempre, mas aí lembrei que para sempre é muito tempo e que eu poderia, algum dia, querer escrever coisas bonitinhas... e formais. Desisti de registrá-los na eternidade. Continuei escrevendo sem sentido e fui percebendo que mesmo quando não quero dar sentido algum, eu acabo dando. Eu odeio a forma como escrevo. Odeio. Mas não sei fazer de outro jeito. Acho que estou perdendo o jeito. E continuo sem saber como escrever algo excêntrico, inteligente e pessoal. Mas continuo a escrever...

E só pra constar: eu odeio a forma como escrevo... mas continuo, mesmo assim.

São Paulo das Formalidades, 06 de Dezembro de 2007.