A máquina de escrever
Achei uma máquina de escrever por vinte reais. Não é um item muito pragmático se pensarmos na velocidade em que corre a informação hoje e como a correção gramatical automática facilita a vida do escritor. Há quem argumente que isso emburrece também. Porém, quantos autores já lançaram mão de ghost-writers? Preguiçosos demais para escrever seus próprios textos, pagavam alguém para caligrafar ou digitar suas ideias e enredos.
Por que estou falando disso? Falta de assunto não é, poderia tecer uma infinidade de comentários e opiniões sobre a transição política, o comportamento ocidental diante das "tradicionais" festas de fim de ano, futebol e o meu time na série A2, a ascensão neopentecostal no Brasil... Enfim, deixo pra quem entende melhor o assunto e tem mais paciência.
Voltando à literatura. Terminei o "Rei de Havana" de Pedro Juan Gutierrez, foda. Neste ano que termina, outra obra que me marcou a memória foi "O Prisioneiro" de Érico Veríssimo. Hoje caminho a passos lentos sobre a coleção completa de poemas de Bukowski (em inglês, haja neurônio pra queimar) e "O Jogo da Amarelinha" de Julio Cortázar, emprestado por uma amiga - tenho dó de levá-lo de um lado pro outro na mochila e acabar danificando-o e magoando-a - Confesso que gosto das crônicas de Nelson Rodrigues e João Ubaldo Ribeiro. Preciso tirar a poeira da "Navegação de Cabotagem" de Jorge Amado e recuperar as "Viagens part.II" de Graciliano Ramos - esse quem emprestou fui eu, não lembro pra quem, merda - Um dia, quem sabe quando eu tirar férias, leio a "História social do Jazz" do Hobsbawn de cabo a rabo ouvindo cada artista citado no livro.
Hank Jr. está lendo "Mody Dick" de Herman Melville. Reclamou no começo que não havia figuras, depois que começou o romance só parou pra perguntar o que era "marinha mercante", "arpão" e outros termos que ainda não havia se deparado na linguagem urbana cotidiana do interior.
Continuo com a máquina na cabeça, falta a tecla E e a Z, a H e a J estão afundadas e não a testei.
Quem sabe.