O futuro dos sapiens

Quando assistimos documentários, lemos livros ou estudos sobre o assunto, é possível perceber que os humanos trilham por dois caminhos distintos. Em ambos, a realidade tem se aproximado a passos largos do que antes era apenas ficção. Num deles, veremos o alvorecer de novas classes sociais também distintas das que conhecemos atualmente.

Desde o início do que foi batizado de Revolução Industrial ainda no século 17, as mudanças causadas pelos humanos no seu habitat só se aceleraram. Não há lugar no planeta Terra que não sofreu mudanças causadas por atividades humanas. Desde lá, não se deu trégua para a destruição do meio ambiente.

Hoje as mudanças climáticas já alcançaram o estágio de assustadoramente perceptíveis. Estamos na encruzilhada dos que ainda as negam e os que admitem não haver mais possibilidade de volta. Exemplos não faltam. O planeta está aquecendo, as geleiras estão desaparecendo e o nível dos oceanos está subindo mais depressa do que se previa no início do século 21.

Um estudo publicado pela revista Nature em 2020, sugere que as destruições causadas pelos humanos deram início a uma nova era geológica no planeta. Agora vivemos no Antropoceno. Essa nova era é caracterizada pelo progresso tecnológico, o aumento populacional e à multiplicação da produção e do consumo. O preço a pagar: mudanças climáticas e perda da biodiversidade sem precedentes. Os “boletos” das tragédias estão chegando com menos prazos.

Se as mudanças climáticas podem fazer os humanos sucumbirem, os avanços genéticos possibilitados pela manipulação do DNA, podem fazer a raça humana tal como conhecemos desaparecer. O futuro dos humanos atuais assim como aconteceu com os dinossauros, é terem seus esqueletos exibidos em museus.

As descobertas sobre o funcionamento do nosso DNA criaram um novo playground onde os humanos podem brincar de ser Deus. Essa brincadeira trará grandes mudanças nas sociedades e nas crenças. Haverá discussões acirradas. No fim, todos terão de se adaptar a novos conceitos sobre ética, moral e fé. O que você diria da moral e da ética se seu filho fosse manipulado geneticamente para nascer sem doenças?

Hoje existe uma elite financiando pesquisas visando alcançar a imortalidade. No caso, a imortalidade natural. Ainda será possível morrer numa tragédia como na queda de um avião. Alguns pais milionários já podem desejar que seus filhos nasçam com algumas características especiais. Não está muito distante o tempo em que um Q I elevado será uma dessas características.

A genética terá a capacidade de criar uma nova raça de humanos. Os sapiens se tornarão uma espécie obsoleta e descartável. Sempre gosto de brincar que no ano de 2.148, depois de preencher um formulário com todas as especificações, esse gene sim, esse gene não, o casal buscará o filho encomendado num berçário muito diferente dos que hoje conhecemos. A gestação deixará de ocorrer na barriga da mulher.

A inteligência artificial fará a gestação. Durante esse tempo poderá se incorporar ao cérebro do bebê que nascerá sabendo de cor tudo o que foi publicado na internet. Literatura, ciência, matemática, astronomia quântica, além de falar e escrever em todos os idiomas que se fala no planeta. Também será agraciado com todos os dons possíveis e imagináveis. Escolas deixarão de existir.

Restam incógnitas. O que os imortais farão quando se cansarem da imortalidade num planeta que se tornou inabitável? Apelarão para o suicídio? Como será viver sem precisar de absolutamente nada? Tudo estará à disposição. Perguntas que não podem ser respondidas pela raça dos sapiens. Filosoficamente podemos tentar.