AS TRÊS BALANÇAS VAZIAS
Essa história é real e aconteceu comigo há alguns anos. Cheguei na praça no final da tarde com a minha cachorrinha Mel. Não havia mais ninguém, além de nós dois. Sentei num banco e tirei a coleira dela. No meio da praça, tinham alguns brinquedos infantis, balanças, gangorra, escorregador, coisas assim. Vi que as três balanças se movimentavam, apesar de não ter nenhuma criança nelas. Também não tinha vento algum que mexesse uma folha sequer. E as balanças continuavam se movimentando, indo e vindo como se algo as estivesse empurrando, ou coisa assim. Sentei num banco só para observar melhor a cena. Passaram dez, quinze, trinta minutos e elas continuavam balançando. Senti um arrepio estranho, parecia um sinal, ou coisa assim. A noite começava a cair e as balanças se movendo sem cansaço nem pressa, apenas se movendo. Certamente havia algo ali acontecendo, não havia lógica nesse movimento espontâneo. Olhei para os lados procurando alguma causa, explicação, algo assim. Foi então que descobri que estava olhando para o lado errado. Tinha que olhar para o nada, porque era de lá que vinha a energia para movimentar as balanças, com toda certeza. Estava tendo o privilégio de ver três crianças brincando sem parar, sem cansar, alegres como nunca. Alegres como nunca, de verdade. Essas crianças talvez nem tivessem percebido a minha presença e a da cachorrinha naquele parquinho. Ou tinham percebido e estavam justamente balançando só pra gente ver, o que seria bem melhor e bem mais gostoso. Passado um tempo, levantei do banco, coloquei a coleira nela e fomos embora. Quando estava há alguns metros de lá, resolvi olhar para trás. E percebi que as balanças estavam paradas. Certamente aquelas três crianças também foram para casa delas, junto com a gente.