E lá se foi a copa
E lá se foi a copa...
Já que faz um mês que o Flamengo disputou a última partida pelo campeonato brasileiro, hoje é dia de recordar para diminuir a ansiedade que toma conta do torcedor rubro-negro. Mas o tolo vai dizer que “estávamos pensando na Copa do Mundo”! Não me levem a mal, mas torcer para a seleção brasileira não se compara a torcer pelo Flamengo. A maioria dos amantes do futebol de ocasião, que pintam o rosto de verde amarelo, vestem camisas nas cores da seleção ou, agora com a Shopee, desfilam pelas ruas com suas réplicas perfeitas. O torcedor de Copa do Mundo é eufórico, vibrante e palpiteiro, mesmo que não entenda nada de futebol. Aproveita o momento e embala nas praças públicas, clubes, bares e encontros com amigos para confraternizar e torcer. Um espetáculo que ocorre de quatro em quatro anos e para o país.
O desinteresse pela seleção é proporcional à fase em que foi eliminada. A seleção brasileira perdeu o jogo na sexta e, no sábado, poucos comentavam, a não ser, é claro, pela falta que fará o meio-feriado de terça, na disputa da vaga para a final. O desinteresse geral retorna e só se lembrarão da seleção em “memes”, na maior parte dos casos; fenômeno de todas as Copas do Mundo, algo natural. As camisas da seleção logo irão para o fundo da gaveta até a próxima copa, a não ser aos tais “patriotas”, mas que vestem a camisa com outros propósitos ainda mais escusos.
A torcida do Flamengo é diferente. Em Copa do Mundo grita “Mengo”, quando jogador da base faz gol. Veste a camisa rubro-negra quando todos desfilam de amarelo ou azul. Não importa onde esteja, a bandeira é erguida com a verdadeira paixão. O amor ao clube é intenso e verdadeiro. Não se revela de quando em tempo, é diário. Quando vence, vibra até o dia amanhecer, e por vezes emenda no dia seguinte e segue comemorando até não mais aguentar. E quando perde? A derrota é luto severo. O torcedor rubro-negro sente a queda como se fosse a morte de um parente querido. Lastima, chora, esbraveja... às vezes briga. A derrota rubro-negra dói muito mais do que a eliminação da Amarelinha. Quer um exemplo?
A seleção brasileira perde de forma vexatória para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo, realizada no Brasil. Terminamos o dia lamentando a eliminação, mas em pouco tempo fazíamos piada com o fatídico 7x1. Já o torcedor do Flamengo não brinca com a derrota. Andreas Pereira errou o domínio de uma bola na final de Libertadores e o resultado ainda assola o torcedor flamenguista como se a falha fosse ontem. A frustração é maior do que qualquer derrota, até mesmo aquela em que a França não deu chances para Ronaldo e companhia.
O torcedor rubro-negro primeiro torce para o Flamengo, depois para o Brasil. Tanto é que numa hipotética escolha, preferimos o Mundial de Clubes ao hexacampeonato da CBF sem titubear. Isso não nos faz menos brasileiros, só mostra o quão apaixonados somos pelo nosso time do coração. Vestir o rubro-negro é diário, na vitória, na derrota, no verão, no inverno, no Rio de Janeiro ou no Catar. Já dizia Lamartine Babo: “Eu teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo”, porque “uma vez Flamengo, sempre Flamengo”.