E aí,vai encarar?

Era um sábado, por volta de umas 14:00 horas. Estava eu num pequeno restaurante, já conhecido de beira de estrada,terminando de almoçar.

Quando surgiu uma situação no mínimo curiosa.

O restaurante era próximo a um posto de gasolina, na cidade de Governador Valadares.

Neste posto estava um caminhão parado, e o motorista estava em cima da carga que era bem alta, acredito que conferindo a amarração da carga. Quase não dava pra ver o o motorista lá em cima. Algo assim bem normal.

O que aconteceu depois é que chamou atenção.

Passou-se alguns minutos e chegou outro caminhão, que estacionou mais a frente um pouco com uma freada brusca e fez um alto barulho, típico de caminhão. Desse caminhão desceu um cara sem camisa, magro e de estatura mediana, com uma barba em tons grisalhos, com um facão na mão. Esse homem veio em direção ao outro caminhão que já estava parado. Era visível o tom agressivo em seus olhos.

Dizem que os olhos são o espelho da alma, naquele instante eu acreditei nisso.

Esse homem parou em frente ao caminhão xingou o caminhoneiro que estava em cima do outro caminhão:

- Filho da p***, desce daí que eu te ensino a dirigir! Desce daí se for homem! Vou quebrar a sua cara!

O homem estava super nervoso porque tinha levado uma fechada no trânsito pelo outro caminhoneiro alguns km antes, soubemos depois.

O caminhoneiro continuou amarrando a carga, e lá de cima disse:

- Vou descer aí e a gente resolve!

A esta altura já estavam todos os ocupantes do restaurante prestando atenção àquela discussão entre os dois. E alguns murmurando:

- Esses caras vão brigar...

Parecia uma plateia esperando um combate de UFC, mas não tinha o octógono, e nem regras, inclusive um deles portava um facão. Ninguém estava discutindo regras...

Confesso que na hora pensei que seria um combate bem violento, que poderia terminar em morte de um deles. Que provavelmente seria esfaqueado.

Logo o caminhoneiro desceu com um porrete nas mãos.

Já no chão, vimos que ele era um cara enorme e aparentemente muito forte.

No mesmo instante, o outro caminhoneiro não conseguiu disfarçar o medo em seus olhos. Toda aquela valentia e agressividade sumiram de repente, e o facão que ele tinha nas mãos não sustentou a coragem para encarar o cara. Ele já saiu correndo, desesperado, para o seu caminhão, que tinha deixado ligado, sabe se lá o porquê.

O outro caminhoneiro foi atrás e ainda conseguiu dar umas três porretadas na porta do caminhão do outro enquanto ele estava saindo.

Os espectadores caíram na gargalhada.

Alguns eram caminhoneiros também e imitavam sons de frango em meio as risadas:

- Có,có,cocó...

É um ditado das ruas que : "só busca o diálogo quem não se garante no soco". É de certa forma um incentivo a violência. E ninguém tentou apaziguar os ânimos dos dois, apenas assistiram com expectativas de ver as agressões físicas.

Foi uma cena que parecia que ia terminar em tragédia, e ainda bem, que acabou em gargalhadas.

É incrível como as pessoas estão dispotas a se agredirem no trânsito. A violência é um fator constante nas ruas e estradas. Parece até que é normal.

Fiquei pensando...

Se algum dos dois estivesse portando uma arma de fogo, o final seria trágico. Mas tenho certeza que ninguém ia ficar ali esperando os disparos.

Aí seria outra história...

Abreu Lima
Enviado por Abreu Lima em 10/12/2022
Reeditado em 10/12/2022
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