O Painel das Propostas Políticas dos Presidenciáveis 2018
Eu estive lendo os programas de políticas públicas dos presidenciáveis e vejo que é salutar ressaltar alguns pontos para serem refletivos por parte do eleitorado. Para se analisar um debate político deve se ter em mente três aspectos fundamentais: como a proposta colocada pode influir na vida do povo, quais são os grupos sociais de sustentáculo político-partidário de cada candidato e como o seu histórico de atuação política se relaciona com o que está sendo estabilizado no discurso. Na hora de escolher o candidato têm que se avaliar o alcance de sua proposta para a maioria da população, quais grupos sociais dão força a sua candidatura e como o seu passado de atuação na esfera política se relaciona com os temas propostos.
Antes de se comentar cada candidato em específico é necessário situar político/ideologicamente as duas propostas que estão em jogo hoje no país. A primeira, num espectro ideológico à direita, temos um neoliberalismo sem retoques diante do que tem sido praticado como política pública no país desde os anos 1990. Candidatos como Meirelles, Alckmin, Bolsonaro e Marina (apesar de sua pretensão em ser uma terceira via) convergem para a ideia do liberalismo econômico.
Esse grupo acredita na tese de que a diminuição da ação estatal, a desregulamentação de áreas sociais, os incentivos fiscais para o mercado privado, a exportação de comodities, a privatização de setores públicos e a abertura para o capital estrangeiro são os caminhos viáveis para o desenvolvimento da nação. Se por um lado tais propostas conseguem ter grande aderência entre o empresariado brasileiro (o que facilita sua exposição midiática e aglutina força para intensificar suas campanhas eleitorais), por outro, é o modelo de ação pública gestada atualmente por Temer - responsável pelos altíssimos índices de desemprego e perda de direitos sociais na atual conjuntura social.
No outro espectro político, com uma visão à esquerda, temos três candidatos que colocam em pauta políticas econômico-sociais com clara inspiração keynesiana, o que no Brasil ficou popularmente conhecida como desenvolvimentismo – aplicada durante o governo Vargas e defendida por economistas como Celso Furtado. Tanto Ciro (centro esquerda) como Boulos (esquerda) e Haddad/Lula (cento esquerda) defendem um capitalismo regulado – a ideia de que dentro do sistema econômico existente pode se fazer a distribuição de renda para os extratos sociais mais humildes.
Ao contrário do que é imaginado por certo analfabetismo ideológico vigente, o qual concebe que tais candidatos pretendem instalar um socialismo aos moldes soviéticos: os três presidenciáveis pretendem uma espécie de “humanização do capitalismo”. Um Estado que conduza as relações econômicas ao impedir o processo de privatizações, tribute de forma diferenciada os mais ricos, que incentive políticas de pleno emprego, fortaleça o papel das políticas públicas de redistribuição de renda e invista no desenvolvimento industrial local. Tais propostas se colocam como um contraponto a política atual vigente, mas perdem força perante o eleitorado de classe média mediante o desgaste das esquerdas junto à opinião pública – fato relacionado com os anos de governos petistas e suas políticas de aliança.
Diante dessas duas propostas políticas, a questão central hoje é saber como milhões de brasileiros poderão sair da condição da miserabilidade, como diminuir os altos índices de desemprego, fazer com que os sujeitos saiam dos bicos e formalizem sua condição laboral. O assunto primordial é como resolver a precariedade dos serviços públicos, os quais impedem uma qualidade de vida mais digna a toda a população.
Dennis de Oliveira Santos – 17.09.2018