PSICOLOGIA DO FUTEBOL
NO JOGO DA BOLA, na bola que rola, há samba, balanço, negaça da raça mestiça que somos.
Na arquibancada pressões estancadas libertam rugidos, sacodem bandeiras, na guerra cruenta e sem ferimentos. Nós todos, torcida, nos extrapolamos passando pro campo, nos reencarnando nos gladiadores que se digladiam sem lança ou espada.
A bola, objeto, do jogo é esfera, mulher caprichosa que, se bem tratada, revela-se nua, ausente de arestas.
No fundo, bem fundo, lá no submundo de entranhas que somos, o jogo da bola repete os heróis que sempre sonhamos.
O jogo é imenso e enquanto jogado somado nós somos - plateia geral - Quixotes, ulisses, artistas circenses e ao fim da jornada o que pouco importa é se o time vence, se perde ou empata.
No fim do espetáculo, devolvidos a nós, voltamos ao somos, expulsos dos sonhos de sermos heróis.
Autor: Ayrton Pereira da Silva, Rio de Janeiro.