Viagens no Tempo (com Vangelis como Trilha Sonora)
Som de máquina de datilografia sendo usada. O tom amarelo (de fotografia cuja proteção do agente fixador não tem mais o poder inicial, após essas quase quatro décadas) da memória simplesmente reforça a ideia de que nós não estamos mais na época em que vivemos (2.022), mas a experienciarmos um retorno temporal à nossa infância (1980-1987). É uma fase liminar (threshold), em que não exatamente chegamos ao ponto de partida (1.977), mas estamos cerca de cinco anos à frente. E isso pesa: pesa, pesa sim, pesa muito. Traz algumas perturbações. Alpha, do Vangelis, é reproduzida na TV – isso é 1.982! Eu não sei Você, Enzo, que não viveu nessa época, mas eu tremo. O ar, a ambiência, as ruas, as pessoas, as casas, a vibe de tudo é de um tom estranhamente antigo e, ao mesmo tempo, familiar. É uma sensação de tirar o ar. Não consigo falar. (Eu me calo e tento ler os locais e as pessoas; o cheiro do ambiente interno das casas é típico; mas não posso descrevê-lo; é muito diferente de agora; eu desconfio demais que uma Força Eterna e Superior esteja por trás disso). Eu desconfio que o sobrenatural existe.
(Continua...)