Um mundo cheio de novidades. A cada minuto mais serviços e produtos aparecem para atrair pessoas de todas as faixas etárias ao mercado consumidor. Percebo que os que menos são cativados são os idosos como eu. Uma das razões é que, ao contrário de juntar, estou eliminando, limpando gavetas e prateleiras. No que tange a roupas e acessórios, eu até compraria, se o mercado oferecesse produtos de boa qualidade e beleza. Mas o que vejo nas lojas são carregações, que não duram e não se encaixam no corpo. As roupas parecem vestimentas de palhaço, sempre desajeitadas, não se encaixam na silhueta de ninguém. Um horror! O povo compra tudo pela internet, desde brincos até casas, desde ideias mirabolantes até propostas indecorosas.
Uma das mais novas modas agora é fotografia de bebês em studio. Existem profissionais para isso. Disseram que eu deveria ir fazer as fotos de Natal com o mais novo membro da familia, de apenas quatro meses de idade. Antes me mostraram uma montanha de fotos do bebê com 15 dias de nascido, provocando em mim desagradável sensação e preocupação com a sua saúde, porque puseram sobre ele e decoraram o ambiente com objetos do studio, quando havíamos esterilizado tudo para recebê-lo em casa depois da maternidade.
Agora resolveram reunir os avós, um casal de tios e eu, além dos pais - claro! para fazer essas fotos. Logo que chegamos ao studio, pegaram a criança e foram puxando daqui, escorando dali, trocando roupas, enfiando botinas, chapéus. A criança chorava, gemia e eles todos lá rindo, aplaudindo as poses e as fotos. Fiquei muito contrariada com a situação. Saí do studio, Depois de algum tempo, me vi retornando ao local por força dos "deixa disso". Mas reclamei dentro e fora do studio em defesa da criança maltratada. Isto gerou críticas à minha interferência. Ficaram "cosntrangidos" em relação aos fotógrafos. Então escrevi esta carta para a minha família:
"De fato, eu achei muito sacrificada para o menino essa seção de fotos. Penso que crianças precisam de calma, sossego, silêncio. Estão se acostumando com o mundo, que já é adverso, poluído, barulhento. Não é justo serem submetidas a maratonas de fotos, com pessoas estranhas, vestindo nelas roupas sujas, babadas, mijadas por outras crianças. E ainda com gente em volta gritando, dando gargalhadas, como se elas fossem animaizinhos de estimação ou palhacinhos de circo. Não é bom acelerar os processos da vida. Cada passo de cada vez. Assim se vai ao longe com firmeza e segurança. As crianças nessa fase já tem os inconvenientes das vacinas, da dentição, da dependência para tudo o que precisam. É importante ter sensibilidade para perceber em cada choro, em cada movimento o que estão querendo …
Se concordarem comigo, ótimo. Se discordarem, podemos conversar a respeito. Se quiserem trilhar outro caminho fiquem à vontade. Tô fora."