Mania de coroa chato e bambo
SEMPRE que me sinto triste, jururu é bambo, mesmo em meio à alegria geral, quando estou chato e nervoso e botando defeito em tudo, recorro a uma música, uma composição de Joe Darion e Mitch Ligth, versão de Chico Buarque, “Sonho Impossível” que foi magistralmente interpretada pela Rainha Maria Bethânia. No CD, antes de cantar essa música ela declama um texto de Fernando Pessoa: “Tenho uma espécie de dever, de sonhar sempre, pois não sonho mais, mesmo querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso. Assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis”. Depois ela canta a música:
“Sonhar/ Mais um sonho impossível/ Lutar/ Quando é mais fácil ceder/ Vencer o inimigo invencível/ Negar/ Quando a regra é vender/ Sofrer a tortura implacável: Romper/ A incabível prisão/ Voar/ Num limite improvável/ Tocar/ O inacessível chão/ É minha lei, é minha questão/ virar esse mundo/ Cravar esse chão/ Não me importa saber/ Se é terrível demais/ Quantas guerras terei que vencer/ por um pouco de paz/ Amanhã, se esse chão que eu beijei/ For meu leito e perdão/ Vou saber que valeu delirar/ E morrer de paixão/ e o mundo vai ver uma flor/ Brotar do inacessível chão”,
Depois de ouvir fico de alto astral. Inté.