Das Minhas Lembranças 45

O Grupo Oficina de Sonhos, que publicava o Informativo Intercâmbio teve uma vida de compromisso com a cultura, que vai de 1998 a 2003. Começou com quatro visionários: Estanislau, Geraldo Bernardes, Marquinhos e Rubens Pinheiro. Em seguida, Eliana, Elson Pego, Laura e Lúcia, entrariam para o grupo. Publicamos cerca de 30 edições, distribuídos, preferencialmente entre os estudantes do ensino médio. Foram mais de cem mil boletins. Depois do terceiro número, provavelmente, em algumas escolas, professores vinham ao nosso encontro, para nos pedir alguns exemplares, que serviam de apoio em suas aulas. Isso era muito gratificante e nos estimulava prosseguir.

Felizmente eu mantive em meu arquivo quase todos os exemplares, o que facilitou contar aqui, apesar de algumas lacunas. Além de seus fundadores, contribuíram com o grupo: Lair Estanislau, Eva Torres, Isis Aguiar, Neila Guimarães, José Francisco, Antoniele, Gabriel Silva, Antonio Marcos, Rodrigo. Apoiamos a criação de outro grupo, formado por adolescentes, o Grupo S/A (Sociedade Alternativa), como p Fernando Stanys (meu filho), Tony Marcos, Fabiano, Charley, Léo e Paulinho, sob a coordenação de Eliana. Também colaborou com o grupo, ilustrando e diagramando, Roberto Caio, também meu filho. Sem esquecer, que na reta final, recebemos o apoio cultural do SITRAEMG.

O número 27 do Intercâmbio, que prenunciava o fim do grupo, trouxe na capa um texto assinado pelo Tony. Na páginas 2 a Eliana escreveu sobre meditação. na página 3, eu e o Rodrigo, que viria a se formar em jornalismo, fizemos uma pesquisa sobre o comércio da Rua Tiradentes e descobrimos uma venda, que funcionava desde 1965. Na quarta página o Elson Pego dissertou sobre algumas frases de efeito, como por exemplo, "Deve-se usar agulha descartável para injeção letal?". Reproduzo o texto que eu e Rodrigo escrevemos na página 3, na coluna POIS É...:

Mercearia Leandrense Ltda

Ao passar pela rua Tiradentes, 2.642 - Bairro Industrial - a Mercearia Leandrense desperta atenção. Em tempos de lojas de conveniências, shopping's e coisa e tal, a mercearia, que em pequenas cidades e lugarejos é chamada de venda, mantém viva a tradição de um comércio em extinção, principalmente nas metrópoles.

Assim como a venda do "Seu Lidirico", lá em Araçuaí, como canta o músico Edilberto, a Mercearia Leandrense - cunho nome é uma homenagem à Leandro Ferreira, município do oeste de Minas, de onde vieram os fundadores - tem de tudo um pouco: fumo de rolo, queijo, pinga com mel, palha de milho, isqueiro, facão, agulhas e linhas, lampião, chicletes, querosene, alho, lamparina, bomba de matar mosquito. Tem feijão, arroz, milho, tudo bem pesado em uma antiga balança de prato. E atrás do balcão, educada e feliz, Delfina perguntando o que o freguês deseja.

A venda ou mercearia, "funciona neste endereço desde 1965, fundada pelo meu pai Elói da Costa Coelho, hoje com 93 anos", conta Delfina.

"Sou feliz, nasci para o comércio. Meu pai me iniciou na profissão aos sete anos. Temos aqui todo tipo de freguês, do mais simples ao mais elegante. Eu e meu marido tocamos o negócio", diz Delfina com um leve sorriso.

Pois é, o Oficina de Sonhos deseja vida longo ao "Seu Elói", à Delfina e seu companheiro de luta, à toda família, e claro, à Mercearia Leandrense.