O que fazer desse corpo envelhecido? Recobrir sua sexualidade entrelaçando-a com o tecido esgarçado da memória ora presente, ora ausente numa escrita sem fim? Grandes são as ausências, grandes são as perdas evidenciadas nas cicatrizes da pele. O olhar, esse traidor, mostrando a crueza das rugas eternizadas.
O que fazer da solidão perante o horror da descoberta desse corpo pouco a pouco descontruíndo. Uma nova montagem produzindo uma nova mulher, respondendo as exigências da demanda do Outro social, através dos cortes da lâmina que retira excessos em busca da sempre inexorável perfeição limitada pelo real que apresenta o impossível.
Perante a imagem espelhada pergunta-se: Sou uma impostora? Sou uma imagem virtual da minha imagem real? Como me eternizar?
Procura-se a beleza escondida nos cantos sombrios. Melhor revestir a pele de máscaras que ocultam o nada. Impor ao mundo a imagem que dentro de si ainda permanece.
Para que se enfeita a mulher envelhecida?