29/11/22 - Data Estelar: 47634.44

Essa coisa de "ir na padaria" é pertencente a uma parte gostosa de como e onde cresci. Salvador se mesclava aos meses de férias em São Felipe e a característica (quase única) da "hora de comprar pão" que as tornam cidades amigas. Muitas vezes sentíamos o cheiro do pão das cinco horas invadindo a casa, obrigando o ronco no nosso estômago a correr até lá. "Quem compra o pão hoje?", perguntavam os adultos e todo mundo queria ir e ser o primeiro a comer. Quem sabe até comprar um sorvete com o troco (…).

 

Pedi um cafezinho e o atendente parecia estar num dia ruim (acontece). Mesmo assim ele conseguia entregar pães e preparar um misto-quente sem se perder. A habilidade "multitarefada" de algumas pessoas sempre me surpreende. Trata-se de uma genialidade que estou longe de ter (visto que quando passa uma moto, eu paro de falar até ela ‘acabar de passar’). Sentei numa cadeira e fiquei olhando o jogo de futebol e de repente me senti em casa. "olhar" um jogo de futebol na padaria é a mesma coisa que encarar formigas. Não é o mesmo que assistir, que eu odeio. Comecei a conversar com o atendente, que também é de Salvador ("óóh..."). A gente sempre acaba comentando bairros e transporte público ruim, como um papo inevitável... algo que nos dá parentesco. Depois fui subindo uma rua e me deparei com aquele símbolo de paz e amor desenhado ao lado do símbolo de coração partido... e notei que isso faz sentido.

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 29/11/2022
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