Seu casamento durará 100 anos?
Certo é que com o desenvolvimento da medicina e o surgimento de novas técnicas que prolongam a vida, a sociedade se vê obrigada a rever certos conceitos. E, quando se fala em viver muito, não estamos apenas alardeando o acréscimo de anos “mortos”, sem produtividade, mas de muitos anos nos quais poderemos trabalhar, estudar e fazer amor, com qualidade e funcionalidade.
Estamos às portas de um mundo novo.
Um dos primeiros impactos será sentido na Previdência Social. Governos do mundo inteiro preocupam-se em “aumentar” os limites de aposentadoria. Ninguém mais se assusta com alguém chegando aos 70 anos e trabalhando. Virou lugar comum. O próprio IDH do Brasil nos colocou no Primeiro Mundo, somos os últimos de uma fila de 70 países, mas é melhor ser o último do paraíso que o primeiro do inferno.
Outra questão surge das relações familiares. Na Idade Média a expectativa de vida mal chegava aos 30 anos. Quando um casal jurava, no altar, que o casamento duraria até a morte, baseava-se em uma estimativa de poucos anos. Agora, um casal que se casa aos 25, deverá esperar que cheguem aos 80 ou até aos 90 anos, quem sabe mais?
Todos mudamos com o passar do tempo. Não defendo com isso a infidelidade ou a prática do divórcio, mas o “até que a morte os separe” tem sofrido a corrosão do correr do tempo. Quem não pensa diferente, não adquire novas expectativas ou deseja aventurar-se por terrenos novos? Temos que nos preparar para duas ou até três uniões durante a vida. Caso o casal evolua de modo similar, encontrando um no outro o complemento, o impulso, o entusiasmo, dos primeiros anos, a união poderá chegar até o túmulo. Entretanto, nos preparemos para viver em uma sociedade no qual o divórcio será parte do prato do dia.
Tenho uma união feliz que dura 17 anos. Nesse período o “conhecer um ao outro” adquiriu muitos contornos e colorações. Permanecemos juntos porque uma aprecia a companhia do parceiro e aquilo no qual estamos nos transformando. As separações ocorrem quando os casais passam a andar por caminhos diferentes.
Creio que muitos casamentos sobreviverão à longevidade, outros, seja por que motivo for, acumularão 5 a 6 uniões, ou até mais, durante a extensa jornada no qual está se tornando a existência neste plano. O importante é manter nossas mentes e corações abertos e conviver, da melhor forma possível, com a multiplicidade de eventos que se descortinam diante de nossos olhos.
Quem viver, verá!