ROUPAS DO VARAL
Aliados se tornam cúmplices...
Sol e chuva!
E porque digo isto, pela simples observação natural, dando-me uma resposta plausível dos meus questionamentos infantis.
Ventava muito aquele dia , e eu, estava em uma das janelas da casa olhando o imenso quintal , impressionado com o que via.
Roupas criando vida; dançando ao som do uivo do vento, que as convidavam a dançar.
Antes, estáticas uma ao lado da outra, se mostravam tristes ao primeiro momento,pareciam chorar na minha imaginação pueril ; e eu pensava isto por conta das gotas que brotavam das suas bordas, a gravidade somada ao vento e ao calor faziam isto, como quem conta uma historia com uma narrativa triste ao pé do ouvido de alguém mais sensível para emocionar.
Nuvens surgiam no céu, empurradas pela invisível engrenagem.
Eram quase carregadas pelos fantasmas do invisível vendaval, dependuradas na esticada e longínqua corda, pareciam dar as mãos para os frágeis e insistentes pregadores de madeira,que lutavam para segurar: Calças,roupas intimas, camisetas,pequenas meias a gigantescos lençóis.
Estas peças, por sorte começaram a ser resgatadas pela minha mãe, que as retiravam aos trancos, uma a uma colocando numa grande bacia de alumínio embaçada pelo tempo.
Minha querida mãe entregava as peças sãs e salvas das grandes gotas que começavam a cair com toda ira ao chão.
E eu da janela, aplaudindo em pensamentos o ato de bravura daquela incrível mulher, que salvara as roupas de encharcarem.
As roupas no varal, pra mim, eram iguais bandeiras hasteadas de um território familiar, e logo após recolhidas, em mais uma vitoria da cotidiana vida. (Do meu livro:Textos Avulsos) (Autor: George Loez)