MÃOS
Algumas pessoas nascem com duas mãos.
Outras com tantas mãos mais.
Tem a mão pra acudir, pra acariciar, pra desanuviar.
Tem a mão pra entreter, pra sorver, pra desafinar.
Tem a mão pra assustar, pra semear, pra abençoar.
Tem a mão pra desgraçar, pra domesticar, pra afugentar.
Tem a mão pra poupar, pra curar, pra enfeitiçar.
Tem a mão pra honrar, pra escalar, pra rabugentar.
Tem a mão pra ceder, pra estrear, pra ecoar.
Tem a mão pra enterrar, pra gozar, pra lembrar.
Tem a mão pra ousar, pra atiçar, pra amotinar.
Tem a mão pra amar, pra suar, pra rasgar.
Tem a mão pra brilhar, pra sorrir, pra debandar.
Tem a mão pra gritar, pra honrar, pra cavalgar.
Tem a mão pra eternizar, pra espantar, pra murmurar,
Tem a mão pra organizar, pra ensinar, pra ser.
Tem a mão pra arriscar, pra faiscar, pra sumir.
Tem a mão pra procriar, pra surfar, pra arrematar.
Tem a mão pra fugir, pra reluzir, pra agourar.
Tem a mão pra conduzir, pra ressabiar, pra domar.
E tem a mão que faz par com a outra.
E nada mais.