Viagens que transformam
Há obras que nos elevam, no aproximam – de uma forma ou outra - da Verdade e do Amor, no sentido mais profundo que as próprias palavras possam revelar. São como chaves que abrem compartimentos fantásticos da compreensão humana e deixam a luz penetrar, sem censura, sem pudor e, assim, tudo iluminar.
Algumas, pelas suas formas poéticas de se revelar, nos sensibilizam, nos inspiram e nos colocam diante da necessidade do sentir, de se entregar e, até mesmo, de se apaixonar. Outras exaltam nossa imaginação, nos fazem viajar e, consequentemente, nos transportam para outras dimensões, nos permitindo até mesmo sonhar de tal forma que, quando despertamos, já não somos mais os mesmos, uma vez que elas têm, também, o poder de nos transformar.
Ainda, há outras mais que nos exige, verdadeiramente, o pensar, o refletir e até mesmo elaborar e compreender que há, neste Universo, Princípios e Leis Naturais que estão tudo a reger.
Algumas são básicas. Parecem simples e até frágeis na forma de se expressar, porém, são necessárias tanto quanto são os alicerces de uma boa construção, que requer, também, um terreno firme, sólido da nossa própria razão. E, como qualquer edificação, suas contribuições vão surgindo aos poucos, paulatinamente, de maneira a criar formas e raízes próprias em nossas mentes e, também, em nossos corações que, lentamente, se abrem para a devoção, ampliando o nosso poder de contemplação e, portanto, de comunhão com ideais mais elevados, mais sublimes, além dos aspectos meramente intelectuais.
Mas, elas não se entregam simplesmente, já que não são vulgares e, também, não se corrompem jamais, apesar de se deixarem se tocar, possuir, pela pureza da razão e da verdadeira intenção. Pois, quem acha que basta suas páginas simplesmente folhear e apressadamente depreender, sem muito se dedicar e intensa reflexão buscar, muito rapidamente, também, se frustram, uma vez que elas precisam ser conquistadas, tomadas pacientemente, convencidas pelo sacrifício da renúncia, dos velhos pensamentos e preconceitos, que possam ainda tentar persistir.
Assim são as verdadeiras obras, as filhas do amor e dos pensamentos... Elas não são frutos do acaso, são frutos da inteligência, da sabedoria e da sensibilidade de quem sabe e ousa fazer conexão com a Verdade e tem, certamente, olhos de ver e ouvidos de escutar, além de mãos sagradas de trabalhar e, também, saber presentear.
José Paulo Ferrari – SJC: 22/11/2022