Meu passado NÃO me condena!... (Não é sobre política)
Ainda pouco esmaecidas nos meus envelhecidos, profundos, mas jamais ressentidos ou endurecidos recônditos de minha mente e coração, lembro quase ainda nitidamente dos meus garbosos e sempre e sempre aprumados tempos de cabo Calculador de Tiros na Artilharia; depois patrulheiro, sargento e cadete até o último ano da Escola de Oficiais na Polícia Militar, e mais tarde detetive policial na Polícia Civil até a metade de minha vida produtiva; quando bem mais tarde ainda veio minha excelente vida metalurgica na Robert Bosch e em paralelo as investigações particulares, sempre do mais transparente interesse público.
Quando ali, em todos esses lugares de trabalho, verdadeiramente era euzinho, no mais alto grau de dedicação e ideais, vivendo intensamente cada um daqueles meus personagens reais. Todos eles que, hoje isso bem sei, conformadamente sei, quase naturalmente um após outro logo foram desaninhando-se de mim desde há quase meio século de vida.
Ah, sem nunca esquecer que ali por volta dos meus onze aninhos de idade eu já "pilotava" uma gaiotinha de entrega de pães, contrariadamente puxada pelo meu amigo quadrúpede, o cavalo Tostado, coitado do encrespado saino! Ele que em duas ocasiões se estrepou todinho nos arriames e cabeçalho da gaiotinha sobre os lisos e escorregadios paralelepípedos das ruas centrais da Lapa, meu amado torrãozinho natal, onde já naqueles bons e saudosos tempos eu ficava em dúvidas se era eu mesmo, ou os meus pãezinhos sempre e sempre fresquinhos e crocantes, que mais faziam derreter as belas e fogosas "margarininhas" locais, todas visivelmente ansiosas de sacolinhas e cestinhas nas mãos diante de seus portões, aguardando minha exuberante passagem matinal.
Sem nunca esquecer que naqueles meus boníssimos tempos de padeirinho, eu trabalhava livremente e assim em muito ajudava minha mãe a manter a casa e a família (pais separados), pois ali então ainda não se aplicavam essas leis socialmente hipócritas de hoje, proibindo o trabalho de crianças e adolescentes, mas permitindo sua exploração ostensiva nas "esquinas da vida" onde tantos e tantos jovens sem futuro algum (a imensa maioria deles morrerão sem ter um fio de cabelo grisalho sequer) ali "trabalham" para as quadrilhas de marginais e traficantes de drogas e armas.
Isso tudo que aqui lembrei da minha vida produtiva desde criança ainda, também representou parte importante de minha extensa galeria sentimental, assim integrando minha própria vida, e ajudando-me a me conduzir condignamente nos meus atuais e naturais fraquejamentos vitais das avançadas idades, essas que alguns privilegiados sociais tanto insistem em chamar de "melhores idades"...
Mas será que vocês aqui me acreditariam se eu lhes contasse que depois ainda de aposentado, fui um pequeno empreendedor comercial, um dedicado motorista de rondas, e até mesmo caprichoso desentupidor de esgotos, encanador e eletriCcista (desses que vivem tomando choques, hehe), e que com a soma de todos esses não pequenos esforços consegui criar, vestir, alimentar e encaminhar nos estudos (todos até a conclusão de seus cursos superiores) a minha companheira babezinha (sempre e sempre assim, uma brabezinha de pessoinha caprichosa e dedicada a todos nós) e os nossos quatro filhos, hoje todos formados, enquanto dedicados profissionais em suas áreas de atuação? Com isso, embora nunca tenha criado raízes nisso ou naquilo (pois no máximo, quando muito, fiquei até uns quinze anos numa mesma profissão), acredito ter cumprido meu papel de pai provedor; embora hoje, felizmente, tudo entre nós parece inverter-se gradativamente.
Tudo isso realmente assim foi, exatamente como também assim hoje ainda me acontece: Em todos os lugares por onde passei, querendo por que querendo ser pelo menos algo parecido com um poetinha arrazoador... Ou seja, aquele que através das palavras, sem quaisquer infrutíferas vaidades ou ambições materiais, intenciona levantar arrazoados sensatos sobre os mais variados temas ou circunstâncias da vida. Assim, tomara, levando pessoinhas possivelmente carentes ou em dúvidas circunstanciais, ou mesmo perigosamente existenciais, a refletirem com absoluta liberdade, para só então serenamente decidirem sobre suas próprias vidas e tantos assuntos correlatos a vida social, sentimental e passional, embora tudo isso feito após a necessária e preciosa comunicação com as pessoas de sua confiança.
Tomara assim seja com todos...
Armeniz Müller.
...Oarrazoadorpoético.