Hipertensão
Quinze por dez...
Cabeça ruim parece que vai cair de cima do pescoço. Desânimo. Vontade de ficar deitada na rede, um pé no chão, me balançando, olhando a árvore do quintal crescer. Vendo as formas que tomam as nuvens. Admirar o azul do céu de Maringá.
Quinze por dez. Ontem à tarde e hoje de manhã também.
Tomei o remédio.
Agora, esperar que faça efeito.
Ainda outro dia, medi a pressão em quatro farmácias diferentes. Cada uma deu uma medida. Somei a maior com a menor e dividi por dois. Pronto! “Calculei” o resultado.
Na minha família, o povo todo é hipertenso. Mãe, avó, tios, primos... tenho medo desta assombração. Não queria tomar remédio. Controle de alimentação, caminhadas... só isso deveria bastar.
Mas não basta.
Tomar o remédio é inevitável.
Confesso que não sou muito caprichosa com isso. Tomo apenas quando me é conveniente. Minha avó dá bronca. Minha mãe, conselhos. Preciso me aprumar, assumir que não tenho mais a pressão de mocinha que já tive um dia.
E tomar o remédio direitinho. Senão, nunca que vai controlar.
Quinze por dez... que coisa mais chata, meu Deus!