DIA CHUVOSO... LEMBRANÇAS DOS SÓTÃOS
FRAGMENTOS
Era nos sótãos que moravam os segredos, os silêncios embrulhados em picumãs, sonhos e anseios de adolescência.
Havia sempre - entre as bugigangas - uma revistinha "proibida" ,um recorte "pecaminoso" de algum jornal, uma inocente cartinha da primeira namorada escondida entre o encaixe de uma telha e outra.
Era das janelas dos sótãos que tinha-se uma visão panorâmica do mundo lá fora e os quintais pela vizinhança amiudavam-se em couves e escarolas, fileiras de girassóis.
Eram nos sótãos que refugiavam-se os meninos nas tardes de chuvas mansas quando, feito andorinhas, as ilusões escapavam mundo a fora num voejar sem caminho de volta...
Agora, a visão silenciosa desta janela onde certamente adormecem os sonhos de algum menino que não conheci, o limoeiro ao redor da casa, esta chuva quietinha lavando a tarde com cheiro do café das três...
Agora estas minhas divagações, minha figura tão silenciosa quanto a janela que espia a cidade lavada...