O flat
Ao chegarmos à Rua Silvia, Bairro da Bela Vista, São Paulo, naquela manhā chuvosa, pensei: " Uma breve estada iremos ficar!"
Num flat havíamos hospedados, apto n° 04, ali, meio estranho, enfim, acomodados.
Um pequeno espaço, pouca luz
natural, gente estranha, distante de casa, tudo aquilo me soou incomodado.
Os dias se passavam, as dores decorrentes do tempo... ouvia vozes lá embaixo, eram pessoas chegando ou indo embora. Havia pessoas de várias regiões do país, também alojados para um único fim: A busca para um alívio e o recomeço.
Descíamos duas vezes por dia, tudo controlado e programado pela equipe médica da Dra. Rosaura.
Uma sincronia estressante, o sobe e desce de ladeira ofegante e os medicamentos incessantes.
Meu sangue fervia e degelava, infundia-se e se transfundia e, naquele ritmo sanguíneo, a noite chegava fria e tediosa.
Foram 65 dias diante de um longo e exaustivo tratamento. A ansiedade, a prima da morte, flertáva-nos madrugada a fora.
Eu e minha esposa perguntávamo-nos: "Até quando mais ali iríamos aguentar?"
Talvez o tempo suficiente para reescrever a vida naquele flat, perto de tudo, mas longe do mar.