Viagem e Vida
RECENTEMENTE foi comemorado o Centenário do saudoso escritor português, José Saramago, com certeza um dos maiores escritores de todos os tempos (único Nobel em nosso idioma). Saramago não foi só um mago das letras, foi também um combatente das lutas sociais, um ser solidário e exemplar. Li quase todos os seus livros. Para mim o melhor, o mais arretado, é Memorial do Convento. Estou relendo A Viagem do Elefante.
Poderia tentar fazer uma homenagem ao grandes escritor, mas seria chover no molhado. Prefiro apenas transcrever um texto dele que onde ele reflete sobre a vida é a condição humana;
“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. É mesmo estes podem propagar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na praia e disse; ‘Não há mais o que ver’, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ou outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se via no verão, ou de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que se mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre”.
Eternamente José Saramago. Inté.