A PROPÓSITO DE UM COMENTÁRIO NO " LUSO-BRASILEIRO"
Ao ler o comentário de leitora do: " Luso-brasileiro", referente ao perigo de expressar opinião em público, recordei-me de história, que li, contada por nosso clássico, cujo nome se varreu.
Vou tentar contá-la, por palavras minhas, ainda reconheça, que o texto, perderá muito da beleza e graciosidade do original, para não falar da vernaculidade.
Penso que é do nosso Padre Manuel Bernardes ou de D. Manuel de Melo, mas infelizmente confiei na memória e não no bloquinho de apontamentos – a minha memória de papel.
No tempo de El-Rei de Espanha, cujo nome não sei, nem interessa, foi necessário transladar o Tesouro Real, para outra cidade.
Como naquela época era perigoso viajar, carregou-se o Tesouro em possantes éguas, acompanhadas de bem armados janizaros.
Inesperadamente, salteou-lhes pelo caminho, perigosos salteadores, desejosos de assenhorearem-se de tamanha riqueza.
Os guardas, enquanto desbaratavam a aguerrida quadrilha, gritaram a bom gritar, para as quadrúpedes, dizendo:
- Fujam!... Corram!... Que querem roubar o Tesouro do Rei!...
Mas, estas continuaram a passos entorpecidos, conversando umas com as outras:
- E a nós que importa! Seja o Tesouro do Rei ou dos larápios, andamos sempre de albarda...
A pericópia mostra-nos que em Monarquia ou República, em Ditadura ou Democracia, o povo, andou, anda e andará, sempre de canga.
O mais triste é que muitos, levados por astuciosos demagogos, pensam erradamente, que a revolução ou mudança de regime, é varinha mágica de fada benfazeja, que transforma a sociedade.
Em " Olhai os Lírios do Campo", pela boca do Dr. Eugénio, Erico Veríssimo diz: " Não é com revoluções que se consegue esses milagres. Uma revolução pode mudar um sistema de governo, mas não conseguirá melhorar a natureza do homem."
Termino com a sábia definição do célebre Millôr Fernandes:
" Democracia é quando eu mando em você; ditadura é quando você manda em mim."
Em poucas palavras explicou o que é a liberdade.
Devo acrescentar, em abono da verdade, que ainda há políticos honestos, que abandonam o poder de mãos limpas, tão pobres como entraram. Mas são tão raros!.... Pelo menos penso que sim. Queira Deus que esteja enganado.