Portões

Quisera os portões tivessem apenas a função de salvaguardar as residências, mas agarradas aos ferrolhos permanecem as digitais de todas as mães que ali permanecem, na dor da despedida, na espera do regresso.

Não existem portões sem mães que diuturnamente aguardam quem de casa sai, ali sem ver o tempo passar vemos que a ferrugem carcome ambos em uma simbiose apática, que destoa de todo o resto.

Algumas mães aguardam a vida toda o regresso de filhos que se foram, alguns deste mundo, outros não chegaram ir tão longe. Tal é a alegria ao ouvir o ruído proposital dos portões se abrindo, disfarçada em lágrimas, às vezes perdidas em lástimas.

Nas despedidas o portão se torna reforço para nele debruçar - se observando ao longe o longo caminhar de quem parte.