NÃO HÁ GOLPISMO SEM TORTURAS, MORTES E TUDO MAIS QUE A MENTE HUMANA SABE DO MAL

Encruzilha do Sul, cidade localizada na Mesorregião do Sudeste Rio-Grandense e à Microrregião das Serras de Sudeste, é o 20º município mais antigo do estado do Rio Grande do Sul, tendo sido criado em 19 de julho de 1849. Situada bem acima do nível do mar, ou seja 432 m de altitude.

Muitas casas remontando do final do século IX e início do XX. Numa dessas casas por muitos anos funcionou o aquartelamento da Brigada Militar, mas em meados de 1977, o Estado atrasava o pagamento do aluguel, aliado aos atrasos e o baixo valor a proprietária pediu a devolução do imóvel, porque a casa era alugada desde o final dos anos 1950.

Perto dali mesmo, surgiu um imóvel espaçoso e novo, que serviria para alojar a sede do pelotão, mas sem antes selecionar o que seria levado, diante das quinquilharias que foram se acumulado nos quase trinta anos de ocupação do imóvel.

Os móveis eram praticamente novos, pois foram adquiridos a menos de 10 anos e eram bem cuidados.

O antigo aquartelamento estava estabelecido num terreno de 15 de largura, por mais de 150 de comprimento, até os fundos havia vários exemplares de pinheiros, todos em plena oferta de pinhas. Um pouco antes dos pinheiros havia um estabulo tipo aqueles de filmes de cowboys. Ainda havia feno impregnado de mofo e um carroção de lidas agrícolas. No mezanino, pilhas e pilhas de documentos, que com o peso criavam uma barriga na estrutura. Destacavam-se as prateleiras cheias de diários oficiais , boletins gerais da Corporação e boletins internos. Totalizando mais de 50 m3. A Unidade autorizou a entrega dos diários oficiais ao depósito de reciclagem de papel que havia na cidade. Os boletins internos foram limpos e armazenados adequadamente, já o destino dos boletins gerais , coleção dos ordinários e especiais, de 1958 a 1970 deveriam ser incinerados, porque havia coleções completas deles na sede da Unidade.

Aos integrantes do destacamento foram reservados os boletins gerais especiais, para se quisessem os lessem.

Uns simples outros mais sofisticados e outros muito importante, com um deles de junho de 1964, que trazia o rol dos policiais militares que foram expurgados em decorrência de possíveis envolvimentos com partidos que apoiavam o então Presidente João Goulart. A listagem trazia o rolde quase 650 integrantes da Brigada Militar, muitos foram presos e outros desertaram, quase todos retornando coma a anistia, trazendo feridas enormes nas almas.

Ontem eram colegas que dividiam os riscos de morrerem numa patrulha de combate ao abigeato, hoje estavam separados por um muro tipo o de Berlin, entretanto imaginário. Profissionais que tiveram suas casas invadidas e foram arrancados pelas tropas da própria instituição, sob a tutela das Forças Armadas.

Foram coronéis e militares de todos os postos e graduações, todos a partir daquele boletim, inimigos do Brasil, por opinião política diferente e assim terem votado em quem não agradava os militares e os EUA!

Nestes expurgos, pelo menos um deles foi emblemático, para depor contra processos sumários, trata-se o caso de um cabo que estava na mira , porque havia acusações que ele batia carteira no interior dos bondes, então aproveitaram para expurgá-lo como subversivo. Quando da anistia, este cabo retornou como sargento e desejando completar o tempo de serviço que lhe faltava, então deram-lhe uma farda e carteira de policial, passados poucos anos depois ele foi preso por ter assassinado dois meninos e ter extirpados seus escrotos e dentro do bolso ter levado para casa. Ora se lá em 1964 ele tivesse sido processado e excluído como devia, não teria sido anistiado e maculado o nome da instituição!

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 17/11/2022
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