Lição de amor e humanismo
Por ocasião de uma festa de bodas de Prata de um casal de amigos na cidade de Jaú/SP (Gi e Beto), uma situação me deixou pensativo. Uma amiga e senhora veio me cumprimentar e brevemente me contou sua história. Disse que seu esposo estava com mal de Alzheimer e que ela tinha consciência da gravidade da doença e suas consequências e que cuidaria dele até o final. Disse ainda que o ama e, por esse amor e por tudo que ele fez por ela, o mínimo que podia fazer, era oferecer amor ainda mais cuidados para que possa ter fim digno de ser humano.
Nesse estágio, a doença vai progredindo e a memória se apagando. É muito triste ver quem a gente tanto ama se - e nos - tornar desconhecidos. Às vezes, sentimos que a vida é injusta e nos golpeia sem dó, sem sentimentos, como se vingasse de algo que fizemos de errado. Seria a lei da causa e efeito? Ou ainda a lei do retorno? Mas qual seria a causa? Quais seriam os por quês?
Com os olhos marejados, vou comentar um pouco sobre essa história que me deixou muito emocionado. É muito triste mesmo ver a pessoa que mais ama ir com o tempo se desfazendo, perdendo lentamente seus movimentos e gradativamente apagando as lembranças de sua memória, se tornando um ser humano sem passado. É mais triste ainda, conviver com a pessoa que foi a mais companheira, a mais leal, o seu professor, de uma hora para outra, se tornar um ser estranho.
É uma dor que não se mede. É uma mistura de revolta com interrogações sem respostas. A pessoa que convive com o portador dessa doença se sente incapaz, injustiçado, sem forças para lutar. Mas o exemplo dessa senhora, demonstrou a grandeza desse amor, o tamanho de seu coração e a gratidão para com o amado. Num detalhe da festa, eu pude observar ao longe, essa senhora enviando beijos ao esposo que retribuía com os olhos brilhando e estampando um sorriso de felicidade. Eu não pude me conter, e minha alma chorou rios de lágrimas de tanta emoção. Uma experiência que jamais esquecerei.
A vida nos ensina em todos os dias e momentos. O tempo é a resposta para todas as nossas perguntas e cabe a ele determinar quando, onde, quem, por que. E a nós cabe fazer o melhor que puder, dar o melhor e seguir em frente. A gratidão é a maior virtude que podemos adquirir ao longo da vida e, só quem tem esse sentimento, sabe esperar a hora de receber os frutos da semente que outrora plantou.
O que mais me impressionou foi o amor que essa senhora demonstrou pelo esposo e cada palavra que dizia, uma lágrima caia de sua face e eu pude sentir a presença de Deus, do amor verdadeiro, aquele amor de poeta, incondicional, que nos envolve por inteiro e nos conduz às alturas. Confesso que me senti tão pequeno diante de uma grandiosidade de alma, sem limites de sonhar, amar, lutar e retribuir o tanto de amor que recebeu. É tudo maravilhoso, alma, coração e Deus.
Quem ama, ama sem pedir nada e de forma natural. O amor é o alimento que nos faz forte, crescer, progredir, buscar e alcançar tudo aquilo que antes achávamos impossível e que agora é tão simples. O amor é generoso, o transforma, o torna especial. O amor é renúncia, é compartilhar, dividir, somar, é multiplicar ações, é solidariedade, é a busca constante da paz, é inexplicável.
Essa senhora nos ensinou que o amor não mede esforços, não julga, não maltrata, não condena, cuida, apenas ama absolutamente. É um amor que transcende tudo aquilo que é real, palpável, imaginário, imutável, é o poder maior, infinito, instransponível. É gratidão, coração, paixão, é o que nos move e nos faz gigantes diante das adversidades e nos transforma da água para o vinho. Essa lição de amor invadiu a alma desse poeta, que transbordou feito rio. Uma reflexão expõe a sua fraqueza em especial diante desse universo imenso, sem fim.
Que a sua vida seja de fartura, tenha uma razão, seja próspera, longeva, seja abundante e valiosa. Que você não seja um simples habitante da terra que passa pela vida e não deixa rastros. Seja luz para aqueles que vivem no caminho das trevas, esperança para aqueles que se perderam e ficaram pelo caminho. Seja o recomeço para aqueles que chegaram no final da estrada e não acharam a saída. Seja a paz onde a discórdia tomou conta e insiste na destruição.
Seja o ponto de partida quando a despedida não tem volta, seja o remédio que cura a dor. Seja a palavra que vai alimentar a alma faminta e carente do mais profundo amor. Seja a água que vai saciar a sede daqueles que tem sede e vivem as margens de um amor sem sentido, sem bases sólidas para um futuro de promessas e milagres.
Que você tenha tido o privilégio de amar, pois só quem ama pode sentir saudade e viver em comunhão, se libertando das mazelas do mundo e distribuindo felicidade. Que essa lição de amor sirva para que você reflita na sua vida e ainda possa recuperar um tanto de tempo que perdeu.
A minha fraqueza
Como uma lágrima no oceano
Como o orvalho que umedece a madrugada
Meu amor vai se diluindo num copo d’água
Como se absorvesse os meus sentidos
Os meu sonhos, todos eles se vão!
Uma vida que vai se perdendo
Uma história que vai se apagando da memória
Almas que vão e outras tantas e quantas histórias...
A minha fraqueza é o orgulho que estampo num sorriso triste
Onde escondo minhas lembranças do passado vivido timidamente
E a minha alma vai se desconectando da terra e entrando em transe
A minha vida...sabe-se qual., apenas vestígios e clarões a resumem
A solidão, ah... por que me devora feito fera faminta?
Fica de plantão, não se cansa, à espera da minha partida, não minta!
Eu sei que vem me buscar, mas nem sou mais quem fui, nada mais importa!
Talvez, uma presa fácil, algo sem valor, sequer uma lembrança, de que adianta!?