MAS POR ACASO, O QUE É O ACASO?

MAS POR ACASO, O QUE É O ACASO?

Um fim de semana com um dia de feriado na terça feira; um bom motivo para aproveitar e fugir dos encargos da rotina do dia a dia, e ir em busca daqueles que nos são caros.

Minha parceira Adi, aquela para quem não sabe, a cúmplice, a minha mulher, essa mesma que quase não gosta de ter motivos para botar uma mochila nas costas e pegar a estrada, a mesma que costuma dizer que é capaz de sair a rua até pra pegar vento na cara; não mais que de repente, tratou logo de buscar nos sites das companhias de voos, as promoções de passagens para Belém do Pará.

Desta vez, iríamos ao encontro daqueles amigos mais distantes que tanto amamos; daqueles que nos fazem rir, e que nos acolhem com simplicidade, e fazem festa no coração.

A expectativa era promissora, tudo certo; chegamos ao aeroporto na hora estimada, embarcamos no avião, e para surpresa de todos, eis que determinada ordem vem nos alertar que o grupo daqueles que iriam conduzir a aeronave seria substituído, e por isso aquele voo iria atrasar.

A previsão de chegada era para 17hs, mas como a conexão que se daria em Guarulhos não se efetivou a contento, fomos conduzidos a pernoitar num confortabilíssimo hotel no bairro do Anhembi, e dormimos percebendo a noite cinzenta da marginal Tietê, logo após a um delicioso jantar.

O leitor atento que me acompanha até aqui vai dizer: e daí? Dormir de frente para um cenário de prédios arquitetônicos, marginado por um rio que não tem nenhuma nascente, e ainda rodeado por inumeráveis automóveis a cada metro quadrado, qual a graça tem?

Bem... Eu não tenho a mínima pretensão de encantar e contar prosas e versos a respeito da vida que levo, mas imagine só o quanto é interessante essa coisa, que é não se ter a certeza do minuto seguinte.

Quando saímos do Rio de Janeiro, tínhamos um plano, porém o inusitado e inesperado nos aparece e nos remete para um estado de possibilidades que jamais prevíamos.

Ao pormos os pés para fora da cama todos os dias, quase sempre acreditamos sermos os artífices dos nossos destinos, e isso eu continuo a acreditar que assim seja.

Mas peraí. Quem foi que deu o direito de mudarem o cenário da história que escrevo?

A tinta da pena que me arrisco a rabiscar, essa não tem jeito, sou eu quem escolho. Agora, diante disso, a pena que sofro por minhas escolhas, não é tão somente apenas, o efeito das duras penas que resolvi envolver o meu cocar?

Por Acaso, esse Acaso deve saber muito bem com quem eu caso, porque nesse caso, provavelmente tendo um caso muito próximo, sabe de fato como passar pequenos testes para eu ter mais causos para contar.

O dia seguinte, seguimos juntos a viagem; embarcamos no voo programado para hora acertada, a fim de chegarmos a Belém pela hora prevista.

Uma pessoa me perguntou se eu não havia me estressado com tudo que aconteceu no dia anterior? Pausa...

Eu confesso, que se esse teste fosse passado em outra circunstância, muito provavelmente eu teria sucumbido, tal como muitos outros que se viram perdidos, sem saber qual seriam os seus próximos passos, por terem perdido as suas conexões até para o exterior.

Mas sabe de uma coisa...?

Como reconheço que sou um tanto pragmático, e que sempre preciso perceber as coisas pelo ponto dos meus sentidos, eu acho, eu acho...

Eu acho que esse tal Acaso, deve ser um cara presepeiro, tal como eu, que de quando em vez, gosta de sair do sério; mas que além disso também é meu amigo pra caramba, e tudo que ele faz, sempre é para o meu bem: apronta comigo, me debocha; faz alguns testes de boa, aliás sempre está me testando; e no final, me faz ver que tudo que ME RODEIA, ME PERMEIA.

EM TEMPO: Ô Acaso, vê lá o que você vai me aprontar da próxima vez hein...? Pega leve!

O meu destino, esse eu acredito que sou eu quem faço, mas a trajetória, essa, esse tal Acaso, resolveu traçar diferentes panos de fundo, para cada um desenvolver o seu personagem da melhor maneira; mas tal como um “mister magoo”, somos a cada instante surpreendidos com diferentes superfícies que nos remetem a sermos profundos em novas aprendizagens.

Pra terminar essa prosa: - Quem ousaria dizer que um dia discordei desse tal Acaso?

- Se tiver coragem e duvidar?

- Apareça pra mim por Acaso!!

PEDRO FERREIRA SANTOS ( PETRUS)

13/11/22