A Fazenda da Curva
Hoje passei numa antiga fazenda divisando com o Rio São Francisco. Fiz a curva e entrei na propriedade a poucos metros da estrada, mas escondida dos passantes, como uma moça recatada. Ao estacionar o carro, chamei como fazem os mineiros: “ô, de casa!” Minha amiga respondeu lá de dentro que eu descesse, enquanto ela pudesse me receber, atolada no serviço da casa. Desci, ressabiada, por causa dos cachorros, que vieram me cumprimentar com seus rabos abanando. Cheguei ao antigo alpendre e a algazarra dos pássaros era tanta, que pensei: recebida com festa! Procurava-os na árvore frondosa pegada ao alpendre, mas eles pareciam se esconder de mim. Quando estiquei a vista além do curral, a visão era surpreendentemente bonita, com o Rio São Francisco serpenteando lá embaixo, com as duas pontes, a De Ferro e a nova, dando as mãos entre seus barrancos, num bonito cumprimento entre os municípios de Lagoa da Prata e Luz. A Lagoa Feia, cujo nome é uma contradição, estava lá, com suas águas multicores dependendo do humor das nuvens lá em cima. Nesse ponto da admiração que me tomava, pedi licença aos amigos que por lá andaram e despejaram tanto suor de seu trabalho. Agradeci a surpreendente recepção e, contente, abracei minha amiga, que veio me receber, afetuosa e com boa conversa. Ao me despedir dela, levei docinhos gentilmente presenteados, o perfume das rosinhas que, de tantas, pesavam as roseiras vizinhas umas das outras, fazendo-nos pensar que era um grande arbusto e, ainda, a visão magnífica do flamboyant, que sempre me arrebata os sentidos!
(Dedico à amiga Rosimara Campos de Miranda Castro)